Da Redação
Durante visita oficial do presidente panamenho José Raúl Mulino ao Brasil, Lula expressou “apoio integral” à soberania panamenha sobre o Canal do Panamá, criticando tentativas de ingerência externa—especialmente por parte dos EUA—e reforçando a neutralidade da via estratégica.
Nesta quinta-feira (28 de agosto de 2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu no Palácio do Planalto o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, em audiência oficial que marcou o fim de 17 anos sem visitas de alto nível entre os dois países. No encontro, Lula destacou a importância de reatar os laços bilaterais, especialmente nas áreas de política, comércio, ciência, tecnologia e meio ambiente, e defendeu que essa relação se baseie na reciprocidade e equilíbrio.
O tema mais contundente do discurso foi a defesa da soberania panamenha sobre o Canal do Panamá. Lula declarou que o Brasil apoia “integralmente a soberania do Panamá, conquistada após décadas de luta”. Ele enfatizou que essa conquista inclui a administração eficiente do canal, com respeito absoluto à neutralidade, e ressaltou que o país aderiu ao tratado que garante essa neutralidade permanente.
O presidente brasileiro também criticou declarações e ações recentes dos Estados Unidos, interpretadas como tentativas de restaurar antigas hegemonias. Embora não tenha citado nominalmente o ex-presidente Donald Trump, Lula aludiu às ameaças de controle externo da via interoceânica, ressaltando que tais condutas colocam em risco a liberdade e a autodeterminação dos povos. Em suas palavras: “Tentativas de restaurar antigas hegemonias colocam em choque a liberdade e a autodeterminação de nossos povos.”
Mulino agradeceu o posicionamento brasileiro e destacou que o Canal do Panamá é uma questão altamente simbólica e emocional para o Panamá, reafirmando a vontade do país de manter o controle soberano da passagem.
O momento também contou com o anúncio de importantes memorandos de entendimento. Um deles prevê cooperação entre o Brasil e o Panamá para modernizar operações portuárias e otimizar as exportações brasileiras, enquanto outro estabelece uma ponte de colaboração em áreas como agricultura sustentável, capacitação técnica e sanidade animal. Além disso, o Brasil firmou a venda de quatro aeronaves A-29 Super Tucano da Embraer ao Serviço Aeronaval do Panamá — reforçando a cooperação estratégica entre as nações.
A visita incluiu ainda convites para o Panamá participar da COP30 em Belém, além de um estímulo à adesão panamenha ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa voltada a remunerar países pela preservação de suas florestas tropicais.
