Da Redação
Nicolás Maduro denuncia movimentações militares dos EUA no Caribe como parte de um suposto plano para roubar petróleo, gás e ouro da Venezuela. Ele rejeita justificativas de combate ao narcotráfico e convoca o povo a defender soberania nacional com firmeza.
No contexto de escalada diplomática e militar, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tem realizado acusações contundentes contra os Estados Unidos. Ele afirma que o governo norte-americano estaria articulando uma ofensiva militar que vai além da retórica antinarcóticos, visando se apropriar de recursos naturais venezuelanos como petróleo, gás e ouro — usando o pretexto de operações “antidrogas”.
Maduro alega que a presença naval dos EUA no Caribe, navios de guerra, submarinos nucleares e o envio de caças F-35 configuram ameaças reais, e não apenas simbólicas. Ele denuncia que essas movimentações se dão perto do território venezuelano, numa estratégia que ele chama de “plano de guerra”, para impor hegemonia política, econômica e militar. As declarações incluem que “eles querem o petróleo venezuelano grátis”, “não investem nos nossos projetos, querem saquear nossa riqueza”.
O presidente também acusa figuras como Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, de serem agentes ativos nessa pressão, atribuindo ao político americano papel decisivo nas decisões que, segundo Maduro, seriam favoráveis à intervenção ou à escalada indireta de hostilidades. Maduro rejeita as acusações de que o governo venezuelano seria líder de redes de tráfico ou envolvido com grupos criminosos; ele afirma que essas são construções de bastidores políticas usadas para justificar intervenções externas.
Em resposta à escalada, o governo da Venezuela já movimentou forças militares, milícias civis e reforço nas fronteiras marítimas do país. Discursos do presidente têm enfatizado a prontidão para “defesa armada” se a soberania for violada, e convocado o povo a resistir. Também reitera que a economia nacional — especialmente o setor energético — não pode ser tratado como alvo de lutas externas.
4 – Análise crítica
- Discurso de soberania ou de guerra?
Maduro usa uma narrativa de cerco que tem sido comum em regimes que enfrentam oposição interna ou pressão internacional. A acusação de que “os outros querem nosso petróleo de graça” reflete sentimento antiimperialista legítimo — porém, pode operar também como instrumento de coesão interna, mobilização populista e reforço de imagem de que o país está em risco, justificando medidas extraordinárias ou repressivas. - Veracidade e contexto:
Algumas movimentações militares dos EUA no Caribe têm sido confirmadas, assim como ações antinarcóticos, envio de navios e caças. Entretanto, há uma lacuna de transparência sobre os alvos, os resultados exatos, os mandatos legais e se há justificativas concretas para intervenções mais agressivas. Acusações de roubo de petróleo, gás ou ouro ainda não foram confirmadas por fontes independentes. - O risco do escalonamento diplomático e militar:
Retórica de guerra, mobilizações militares, acusações mútuas e preparo para conflito aumentam o risco de erro de cálculo. Pequenos incidentes, se alimentados pela hostilidade retórica de ambos os lados, podem se tornar crises. - Consequências internas:
Maduro usa o discurso para reforçar legitimidade diante de crises econômicas, de gestão ou oposição interna. Ao apontar inimigos externos, mobiliza sentimento nacionalista e justifica políticas de segurança reforçadas, controle interno e centralização de poder.
5 – Conclusão
Maduro está em modo alerta — não é apenas proteção da soberania, é sinal de que a Venezuela, em sua visão, está encruzilhada entre afirmações de poder internacional e invasões simbólicas e práticas. Se há verdade no que ele acusa, há também a necessidade urgente de vigilância: que se comprovem os fatos, se questionem os interesses externos, e que o povo venezuelano não seja refém nem de sanções, nem de invasões, nem de discursos que celebrem saque.
O que está em jogo é algo mais que petróleo: é dignidade, é soberania, é o direito de um país definir seu destino. E Maduro afirma, veementemente, que esse direito não será entregue.