Da Redação
Nicolás Maduro classificou o cerco militar dos EUA no Caribe como a maior ameaça dos últimos 100 anos, enquanto mobiliza milhões de milicianos e convida ”falconistas” norte-americanos à moderação — um jogo de alta tensão que pode redefinir o papel da Venezuela na região.
O presidente Nicolás Maduro afirmou nesta segunda-feira que a Venezuela enfrenta o “maior perigo em um século”, fruto de um duradouro confronto com os Estados Unidos, desencadeado pelo massivo reforço militar americano no Caribe meridional. Segundo ele, o país permanece em paz, mas não se curvará diante de ameaças externas.
A escalada inclui o envio de pelo menos sete navios de guerra, um submarino nuclear e cerca de 4.500 militares — entre fuzileiros navais e tripulação — para águas próximas ao território venezuelano. Oficialmente, os Estados Unidos argumentam que a operação visa combater cartéis de drogas. Porém, Maduro e integrantes do governo — incluindo o ministro de Defesa — acusam Washington de arquitetar uma intervenção disfarçada, que violaria tratados multilaterais e retórica pacífica regional.
Em resposta, o chefe de Estado venezuelano apontou que a mobilização é parte de uma ofensiva para deslegitimar seu governo, felizmente ainda em exercício tril contato. Em contraponto, Caracas ordenou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos em todo o país e o envio de milhares de tropas à fronteira com a Colômbia. O cerco bélico também foi repelido com patrulhas marítimas, o uso de drones de vigilância e convocação nacional para defesa.
A retórica oficial posiciona os Estados Unidos como autores de uma narrativa revanchista. A vice-presidente da Venezuela fez graves acusações: associando a pressão externa a uma tentativa de expropriação dos recursos naturais venezuelanos e descrevendo as alegações de “narco-Estado” como calúnias. Em sua avaliação, essas investidas não se limitam a deslegitimar políticas internas, mas representam uma ameaça à própria paz hemisférica. “Seremos o pesadelo deles”, declarou.
O contexto se agravou em agosto, quando o governo americano duplicou a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro — elevando-a a US$ 50 milhões. O país também elevou recompensas por outros altos funcionários do regime. Maduro reagiu classificando as acusações como infundadas e política externa hostil motivada por interesses estratégicos.
Especialistas consultados indicam que, apesar do aumento da presença militar dos EUA, uma invasão direta à Venezuela é considerada improvável. A confrontação, segundo analistas, tenderá a se manifestar por meio de operações pontuais, como ataques de drones ou ações cirúrgicas voltadas ao combate ao narcotráfico, sem envolver uma guerra convencional. Ainda assim, o risco de escalada — com graves consequências humanitárias — não pode ser descartado.
Em suma, o momento marca um ponto crítico nas relações entre Caracas e Washington: Maduro mantém a narrativa de resistência soberana, mobilizando apoio interno e invocando o passado de confrontação latino-americana. Já os EUA apesentam-se como ator de guerra ao narcotráfico, exercendo pressão diplomática e militar. As próximas semanas serão decisivas para definir se essa tensão se transformará em um novo capítulo de crise regional.