Da Redação
A empresa desativou subscrições de nuvem e inteligência artificial ligadas a uma unidade do Ministério da Defesa de Israel após identificar uso de tecnologias Linked a vigilância em massa contra palestinos.
A Microsoft anunciou que desativou determinados serviços de nuvem e inteligência artificial que eram utilizados por uma unidade do Ministério da Defesa de Israel. A decisão foi tomada após uma revisão interna indicar indícios de que a tecnologia vinha sendo usada para vigilância massiva sobre civis palestinos.
A investigação começou depois que veículos internacionais revelaram que o órgão militar israelense teria armazenado gravações de ligações de palestinos utilizando a plataforma Azure da Microsoft. A apuração da empresa apontou que parte dessa operação de coleta e processamento de dados ocorreu inclusive em data centers localizados fora de Israel, como nos Países Baixos.
Com isso, a Microsoft optou por desativar subscrições específicas, bloqueando o acesso a serviços de inteligência artificial e componentes de computação em nuvem associados à prática. A empresa ressaltou que os contratos de cibersegurança e outras operações não foram afetados, deixando claro que não se trata de um rompimento total com o governo israelense.
O movimento representa uma ação rara de uma gigante da tecnologia ocidental em se posicionar publicamente contra o uso de suas ferramentas em operações de vigilância de caráter militar. Ainda assim, críticos consideram a medida tímida, já que se limita a serviços específicos e mantém intacta a maior parte dos contratos firmados com Israel.
Nos bastidores, há relatos de que a unidade militar israelense pode buscar formas de contornar a suspensão por meio de backups ou migrando dados para outros provedores globais de nuvem. Esse cenário expõe a dificuldade que grandes corporações enfrentam para monitorar como seus serviços são utilizados por clientes governamentais.
A decisão também ocorre em meio a tensões internas na Microsoft. Nas últimas semanas, funcionários e ex-funcionários pressionaram a direção da companhia por maior coerência ética no relacionamento com Israel, alegando que a empresa estava comprometendo princípios básicos de direitos humanos. Alguns desses empregados chegaram a organizar protestos internos e foram demitidos por descumprimento das normas corporativas.
O episódio traz à tona debates de grande alcance sobre a responsabilidade das empresas de tecnologia no cenário geopolítico atual. Questões como soberania digital, regulação internacional de serviços em nuvem e o papel de multinacionais em conflitos armados voltam ao centro das discussões. Ao mesmo tempo, evidencia a crescente pressão da opinião pública global para que corporações assumam compromissos mais firmes diante de violações de direitos humanos.