Atitude Popular

Mobilização histórica: o maior ato da esquerda dos últimos anos toma o Brasil

Da Redação

Um protesto de efeito amplo

Hoje, 21 de setembro de 2025, manifestantes em dezenas de cidades do país confirmam presença massiva nos atos contra a PEC da Blindagem (também chamada PEC da Bandidagem) e contra a proposta de anistia aos golpistas. O que se destaca é não só o número de participantes, mas também a amplitude geográfica, a diversidade de quem vai às ruas e o simbolismo carregado da data.

Organizações sociais, centrais sindicais, artistas, intelectuais, movimentos populares, estudantes, líderes religiosos progressistas e partidos políticos de esquerda mantêm uma mobilização que, segundo avaliadores, não era vista em escala semelhante há muitos anos. A marca é clara: não é um ato isolado, mas um protesto nacional profundo que sinaliza rejeição generalizada das propostas que ferem princípios democráticos.

Por que dizem que é o maior da esquerda em anos

  1. Espalhamento geográfico: os atos não se concentram apenas nas grandes capitais, mas se expandem por cidades médias e até no interior, com boa adesão local.
  2. Diversidade de participantes: o público reúne perfis variados — jovens, trabalhadores, sindicalistas, profissionais liberais, artistas, moradores de periferias — o que mostra que a indignação ultrapassa as bolhas políticas tradicionais.
  3. Alta repercussão digital: pesquisas recentes apontam que a PEC da Blindagem tem percentual muito alto de menções negativas nas redes sociais. Um levantamento do instituto Quaest encontrou 83% de todas as menções analisadas sendo críticas à proposta, o que indica forte oposição popular ao texto.
  4. Simbolismo político claro: trata-se de uma reação não apenas a uma lei, mas a uma estratégia institucional mais ampla: blindar parlamentares de investigações, diluir responsabilidades judiciais, colocar em risco a responsabilização de autoridades envolvidas nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
  5. Engajamento de discursos públicos: artistas, líderes religiosos, intelectuais têm se posicionado abertamente nos protestos; há música, arte, cultura de protesto que reforçam o tom de um ato político que busca resgatar a centralidade da Constituição e do Estado Democrático de Direito.

O que exige a PEC da Blindagem / Anistia

  • A PEC impõe que para que membros do Congresso federal (deputados ou senadores) sejam alvos de investigações, processos ou ações judiciais — mesmo no STF — seja necessária autorização do próprio Congresso.
  • A proposta de anistia abre possibilidades para livrar de punição aqueles condenados ou implicados em graves crimes contra a democracia, desde que considerados “golpistas”.

Os riscos em jogo

Esse tipo de medida representa não só retrocesso jurídico, mas institucional. Se parlamentares forem protegidos por amarras legais arbitrárias, a independência do Judiciário e o papel investigativo do Ministério Público ficam ameaçados. Abre-se espaço para impunidade, favorece casos de corrupção, abuso de poder e enfraquece a prestação de contas pública.

Além disso, a normalização desse tipo de proposta pode estimular que novos ataques ao Estado democrático se deem com menos resistência institucional, porque a percepção cresce de que há tolerância com desrespeito às normas constitucionais, desde que feito por quem detém poder.

Reflexos possíveis

  • Caso os protestos mantenham visibilidade, há chances de constrangimento público aos parlamentares que apoiam a PEC ou anistia, o que pode levar a recuos ou emendas no texto.
  • No plano judicial, várias entidades, partidos de oposição ou indivíduos poderão protocolar ações no STF questionando a constitucionalidade dessas medidas, especialmente no que tange à separação dos poderes e ao acesso à justiça.
  • Politicamente, esse momento pode reforçar alianças progressistas, criar estratégia de coesão entre setores que normalmente divergem em outras pautas, contanto que tenham compromisso claro com democracia, direitos humanos e justiça.

Avaliação crítica

A expressão “o maior ato da esquerda em anos” carrega peso simbólico, mas não é exagero se considerarmos mobilizações recentes. Depois de manifestações esporádicas, este ato surge como resposta coletivamente organizada a uma ameaça concreta às instituições — não apenas uma disputa eleitoral, mas uma disputa de regras do jogo democrático.

O desafio agora é manter esse impulso. Movimentos precisam garantir que vozes moderadas, críticas e diversificadas sigam incluídas; que não haja distorções narrativas de quem acusa de “exagero” ou “partidarismo”. Também é necessário atenção para segurança dos manifestantes, para que atos sejam pacíficos, mas firmes.

Conclusão

Hoje, mais do que nunca, o Brasil presencia uma reação cidadã significativa: o arrepio da sociedade contra tentativas de retrocesso democrático. O ato de 21 de setembro de 2025 será lembrado não só pelo tamanho, mas pelo significado: não se trata só de quem ocupa espaço, mas de quem exige que as regras sejam respeitadas.

A democracia se protege com gestos como esse — visíveis, sonoros, coletivos. E se ela resistir, será por causa desse “maior ato da esquerda em anos”, que não quis calar diante da PEC da Blindagem e da Anistia.