Atitude Popular

“Não existe democracia na comunicação se não fortalecermos essa comunicação”

Na estreia de Kátia Marko à frente do FNDC, plenária aprova plano de ação, reafirma defesa do direito à comunicação e cobra financiamento público para fortalecer redes populares

A 26ª Plenária Nacional do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, realizada em Fortaleza ao lado do 5º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, elegeu a nova Coordenação Executiva, o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal para o biênio 2025 a 2027, aprovou os balanços fiscal e de atividades e consolidou um plano de lutas que recoloca a comunicação como direito de cidadania e pilar da democracia. As informações são do programa Vozes pela Democracia, produzido pela Rádio e TV Atitude Popular e apresentado por Sousa Jr., membro do Conselho Deliberativo do FNDC.

A jornalista Kátia Marko, editora do Brasil de Fato RS, diretora do Sindjors e nova coordenadora geral do FNDC, destacou a centralidade das redes populares e comunitárias no próximo ciclo. “Não existe democracia na comunicação se não fortalecermos essa comunicação”, afirmou, defendendo a reorganização dos comitês estaduais, a ampliação de formações em comunicação popular e sindical e a disputa de financiamento estável para o setor. Ela lembrou que a Constituição prevê o equilíbrio entre os sistemas comercial, estatal e público, e vinculou a comunicação popular ao campo público, condição que exige política orçamentária, regras transparentes e metas de universalização do acesso.

Admirson Greg, secretário nacional da CUT e coordenador geral do FNDC no biênio 2023 a 2025, avaliou que o período foi de resistência e reconstrução, com ataques aos movimentos sociais e escassez de recursos, mas também de vitórias simbólicas e institucionais. “A gente sai com sentimento de tarefa cumprida”, disse, ao ressaltar a dimensão do encontro e a pauta estratégica para o próximo biênio, focada em futuro da comunicação, regulação de plataformas, soberania informacional e proteção de dados, além do impacto da inteligência artificial nas relações de trabalho. Segundo ele, os debates reuniram governo, Congresso, academia e sociedade civil, produziram diagnósticos e encaminhamentos e deixaram uma base mobilizada para a nova gestão.

No balanço do 5º Encontro, os convidados sublinharam a diversidade de atividades autogestionadas, com presença de coletivos do movimento negro, povos indígenas, organizações LGBTQIA+ e entidades de comunicação popular. Kátia apontou a necessidade de “reapaixonar” o campo pelos objetivos comuns, com calendário de seminários, oficinas e campanhas. Greg destacou o engajamento de mais de trezentos participantes, muitos vindos de fora do Ceará, e agradeceu os apoios que viabilizaram o evento, como o Comitê Gestor da Internet e o Banco do Nordeste, além do Sindicato dos Bancários do Ceará, que cedeu estrutura.

A nova Executiva, que terá maioria de mulheres, assume com diretriz de capilaridade, isto é, comitês fortes nos estados, agenda de formação continuada e incidência qualificada sobre o poder público. Entre as prioridades, os convidados elencaram a regulação das plataformas digitais, com ênfase em transparência algorítmica, responsabilização por danos e mecanismos de proteção a público infantil e adolescente, a defesa da comunicação pública com governança independente e financiamento multianual, e a garantia do direito de expressão sem vigilância predatória nem desinformação industrial.

Sousa Jr. realçou a dimensão política do momento, vinculando os resultados da plenária a um ambiente de reafirmação democrática no país. Kátia chamou atenção para a disputa narrativa travada pela extrema direita, que opera um ecossistema de plataformas, canais e aplicativos. A resposta, defendeu, passa por produção contínua de conteúdo de interesse público, fortalecimento de rádios e webs comunitárias, formação técnica e política e um pacto federativo que leve comunicação de base a periferias, vilas e favelas.

Ao encerrar, Greg projetou um ano eleitoral intenso, com o FNDC articulando sociedade civil, universidades e entidades sindicais. O objetivo é fazer da comunicação um campo de política pública, não um apêndice do mercado, garantindo diversidade, pluralidade e acesso, com métricas de impacto e prestação de contas à sociedade.


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