Rita Freire alerta no V Encontro Nacional do Fórum que a democracia brasileira só se sustentará com o fortalecimento da mídia pública, comunitária e independente
O V Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, realizado em Fortaleza entre os dias 8 e 10 de setembro, tem sido O V Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, realizado em Fortaleza entre os dias 8 e 10 de setembro, tem sido marcado por debates intensos sobre o papel da informação na disputa política contemporânea. Em entrevista concedida durante o programa Democracia no Ar, com apresentação de Sara Goes e comentários de Ibiapino, a jornalista Rita Freire — editora sênior do Monitor do Oriente Médio e integrante da rede Ciranda.Net — fez um alerta incisivo: “Nós temos que responder ao uso da comunicação para manipular pensamento e opinião pública”.
Segundo Rita, a ofensiva de Jair Bolsonaro contra as instituições não se limitou à política interna, mas esteve articulada a um projeto internacional de extrema-direita que se apoia centralmente na comunicação. “O ex-presidente conseguiu envolver uma quantidade considerável de pessoas em uma intentona golpista, muitas delas sem nem perceber”, afirmou. Para a jornalista, a naturalização da violência, do racismo e do ódio só foi possível graças ao bombardeio constante de mensagens construídas para manipular imaginários sociais.
O papel estratégico da comunicação
Rita destacou que a manipulação informacional não é um fenômeno restrito ao Brasil. “Trata-se de um projeto global, que utiliza a comunicação como principal instrumento para explorar populações vulneráveis e abrir caminho para a exploração dos recursos naturais do planeta”, disse. O uso de tecnologias digitais e, mais recentemente, da inteligência artificial, aparece nesse processo como ferramenta central para difundir medo, desinformação e narrativas autoritárias.
Nesse contexto, o Fórum discute alternativas para retomar o direito social à comunicação e recuperar a confiança pública na informação. “É preciso garantir que a sociedade tenha meios para produzir conteúdos próprios, confiáveis, e estimular o pensamento crítico diante das manipulações”, reforçou Rita.
Tarcísio e a normalização da extrema direita
Durante o programa, Ibiapino chamou atenção para a “normalização dos absurdos”, fenômeno que hoje se expressa na projeção política de Tarcísio de Freitas. Rita concordou: “Ele está apostando que o fundamentalismo pode vencer no Brasil e, assim, pavimentar sua chegada ao poder central. É uma alternativa perigosa, que une extrema-direita e setores conservadores em torno de compromissos com um projeto extremista”.
A jornalista avaliou que a mídia comercial tem colaborado para essa normalização ao oferecer espaço generoso para figuras que atacam o sistema judiciário e a soberania nacional, enquanto restringe ou silencia vozes críticas.
Gaza, mídia e direitos humanos
Outro ponto forte da entrevista foi a cobertura midiática sobre a Palestina. Rita denunciou o alinhamento dos grandes veículos brasileiros à narrativa israelense e lembrou que jornalistas locais estão sendo mortos sem que corporações internacionais de imprensa se mobilizem. “As corporações de mídia não se levantam contra o assassinato de jornalistas em Gaza. Muitas vezes reproduzem narrativas oficiais como se fossem fatos”, disse.
Ela defendeu que universidades e escolas de jornalismo formem profissionais comprometidos com a história e com o olhar das populações atingidas. “O jornalismo não pode começar a narrativa em 7 de outubro. O genocídio palestino é um processo que vem desde antes de 1948”, pontuou. Para Rita, cabe também à mídia livre e alternativa assumir papel pedagógico na formação de novos jornalistas.
Comunicação pública e TV 3.0
Rita ainda criticou o esvaziamento orçamentário da EBC e a exclusão das mídias públicas do financiamento da TV 3.0. “Enquanto emissoras privadas avançam rapidamente, a mídia pública não tem recursos para investir em infraestrutura. Isso precisa ser revertido, porque a comunicação pública pertence à sociedade, não ao governo nem a patrocinadores”, disse.
Segundo ela, a democratização da comunicação deve ser tratada como um projeto de Estado, garantindo autonomia e financiamento para que mídias públicas, comunitárias e alternativas possam produzir conteúdos de qualidade e disputar espaço com o oligopólio da informação.
A convidada estará ao vivo, direto do local do evento, no estúdio do Sindicato dos Bancários do Ceará.
Serviço e como acompanhar
Entrada livre nos espaços parceiros do evento, com transmissões pontuais ao vivo. Segundo Greg, “tem muita gente no presencial e alguns participando remotamente, a gente vai divulgando durante o dia, algumas transmissões são nos canais das entidades que promovem”.
Sindicato dos Bancários de Fortaleza:
5º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação
📅 8 a 10/Set
🏛️ Sindicato dos Bancários do Ceará
📍 Rua 24 de Maio, 1289 – Centro. Fortaleza – Ceará
Transmissão ao vivo: https://www.youtube.com/@canaldofndc
https://www.instagram.com/5endc
📺 Programa Democracia no Ar
📅 De segunda à sexta
🕙 Das 10h às 11h
📺 Ao vivo em: https://www.youtube.com/TVAtitudePopular
💚 Apoie a comunicação popular!
📲 Pix: 33.829.340/0001-89