Atitude Popular

O Império Contra O Brasil

A escalada entre Trump e Lula escancara a crise do mundo unipolar: o Brasil soberano volta ao centro do jogo global, enquanto traidores internos e big techs jogam contra o país.

Por Reynaldo Aragon 

Enquanto Trump tenta usar tarifas, ameaças e aliados apátridas para subjugar o Brasil, Lula responde com altivez, dignidade e história. Este artigo não é uma análise — é um ato de memória, soberania e denúncia.

Na noite de 17 de julho de 2025, em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não discursou apenas ao povo brasileiro. Falou ao mundo. Em tom firme, sereno e visceral, respondeu ao ataque tarifário do governo Trump como um verdadeiro chefe de Estado: com firmeza, indignação e dignidade. A frase final ecoou como um manifesto: “o único dono do Brasil é o povo brasileiro”.

Mas este embate é mais do que uma guerra de tarifas. É o espelho de um novo mundo em formação, onde a hegemonia coercitiva dos Estados Unidos começa a ruir e os países do Sul Global ousam levantar a cabeça. Trump, acuado por sua própria decadência interna e obcecado em restaurar a lógica do mundo unipolar, elegeu Lula — e o Brasil soberano — como seus alvos simbólicos. Mas errou de adversário.

Lula não é um político comum. Carrega no corpo a experiência de quem negociou a paz em conflitos, enfrentou crises internacionais, derrotou a fome e dialogou com papas, operários, banqueiros e camponeses. É, talvez, o único líder vivo com credenciais políticas, morais e históricas para encarar de igual para igual qualquer presidente dos EUA — inclusive um que se imagina imperador.

A altivez de Lula não é arrogância. É consequência direta de quem recolocou o Brasil no mapa do mundo com diálogo, acordos e respeito. Como ele próprio lembrou, desde que reassumiu a presidência, o Brasil reabriu quase 400 mercados internacionais, retomou relações com África, Ásia, Europa e América Latina. Enquanto Trump impõe tarifas, Lula aposta em multilateralismo e diplomacia soberana.

Mas o que está em jogo não é apenas economia — é soberania. Lula deixou isso claro ao dizer que os EUA não quiseram negociar. A carta unilateral enviada por Trump — agora revelada, com sua exigência de que o julgamento de Bolsonaro “pare imediatamente” — é mais do que arrogância. É uma afronta direta ao devido processo legal de uma nação independente. É um ataque às instituições, à justiça e à autodeterminação.

E aqui emerge o ponto mais perverso: o papel dos traidores internos. Lula falou com indignação real sobre políticos brasileiros que apoiam Trump contra o Brasil. A família Bolsonaro — em especial Jair, Eduardo e Flávio — tem atuado como linha auxiliar de Washington, colocando seus interesses pessoais acima do país que dizem defender. Pedem sanções, pressionam juízes, conspiram contra a soberania nacional. São agentes do caos, não da democracia. São instrumentos geopolíticos usados por Trump para justificar sua ofensiva econômica e simbólica contra o Brasil.

Mas a verdadeira motivação do império não está no julgamento de Bolsonaro. Está na ameaça real que Lula representa: um Brasil soberano, ativo, articulado no BRICS, liderando a discussão global sobre regulação das big techs, soberania informacional e justiça fiscal digital. Como Lula afirmou com todas as letras: “as big techs não cumprem regras, mentem, espalham negacionismo e não estão acima da lei”.

Esse é o cerne da disputa: o Brasil quer regular os dados, o algoritmo e o lucro das grandes plataformas — justamente as empresas que hoje sustentam o poder político, financeiro e militar dos EUA. É por isso que Trump mira o Brasil. E é por isso que a mídia corporativa — aqui e lá — tenta reduzir a crise a uma “disputa tarifária”.

Mas Lula expôs a verdade: os EUA acumulam superávit comercial com o Brasil. Quem ganha dinheiro aqui são eles. Ainda assim, querem ditar as regras. Querem impunidade algorítmica e vassalagem institucional. Não terão.

Lula falou com a grandeza dos que conhecem o mundo e com a coragem dos que não o temem. Sua resposta foi racional e altiva: reafirmou o diálogo, defendeu o multilateralismo e prometeu usar todos os instrumentos legais para defender o Brasil. Não haverá retaliação irresponsável. Haverá reciprocidade, justiça e soberania.

E, acima de tudo, houve algo que o mundo precisava ouvir: a verdade importa. “A primeira vítima de um mundo sem regras é a verdade”, disse Lula. E disse com razão. Porque um país que cede à chantagem abre mão de sua memória, de sua linguagem e de seu futuro.

Este artigo não é uma defesa cega de governo. É a defesa clara de um princípio: nenhum país, por mais armado ou rico que seja, tem o direito de humilhar outro. Nenhum presidente americano — seja democrata ou trumpista — tem o direito de dizer a um povo quem julgar, o que negociar, o que aceitar.

Hoje, o Brasil respondeu com altivez, história e povo. E não há algoritmo que silencie isso.