Atitude Popular

“O rádio ainda valida muito o artista”

Guilson Queiroz apresenta no Café com Democracia o projeto Cancioneiro da Lua Cheia e fala sobre influências, desafios e a força da música autoral no Brasil

O programa Café com Democracia, transmitido pela TV Atitude Popular e apresentado por Luiz Regadas, recebeu nesta semana o cantor e compositor goiano Guilson Queiroz. Em clima de música e reflexão cultural, o artista compartilhou a trajetória que o levou da infância marcada pelo rádio e pela poesia até a criação do projeto Cancioneiro da Lua Cheia.

Logo no início, Guilson destacou a importância simbólica e afetiva de estar em um programa de rádio e TV, meios que marcaram sua formação artística: “O rádio valida muito o artista, para mim foi uma sorte começar nesse espaço. As coisas começaram a acontecer depois da minha primeira apresentação numa rádio”, relembrou.

O Cancioneiro da Lua Cheia

O projeto que hoje sintetiza sua carreira surgiu da paixão pelos trovadores medievais, ainda nos tempos de faculdade. Sem acesso ao material acadêmico necessário para estudar o tema em profundidade, o músico decidiu criar seu próprio cancioneiro. “O cancioneiro medieval era um livro onde os escribas registravam as músicas do povo. Resolvi dar esse passo e compor minhas próprias canções, criando o Cancioneiro da Lua Cheia”, explicou.

O projeto se desdobra em diferentes formatos: versões autorais com voz e violão e apresentações que mesclam composições próprias a releituras de outros artistas.

Canções que nascem da experiência

Entre as músicas apresentadas no programa, Outros Modos de Vida ocupou lugar especial. Escrita em forma de acróstico a partir da palavra “trabalho”, nasceu como homenagem ao Dia Internacional do Trabalho e se tornou um divisor de águas em sua trajetória. A canção foi selecionada na primeira fase do festival Lollapalooza Brasil e abriu portas em projetos culturais diversos. “Essa música me deu muita sorte, me levou a festivais, ao teatro e até a concursos literários”, contou.

Outra composição de destaque é Um Minuto de Silêncio, inspirada na poluição sonora das grandes cidades. A obra foi classificada em festivais na Bahia e em São Paulo e se transformou também em crítica poética ao excesso de ruídos da vida contemporânea. Já Estado Natural, com lançamento previsto para agosto, dialoga com sua identidade territorial, ao mesmo tempo enraizada em Brasília e em Goiás.

Desafios da produção independente

Apesar das conquistas, Guilson reconhece os obstáculos enfrentados por músicos independentes. Ele destacou a importância das leis de incentivo cultural, como a Lei Rouanet, para ampliar a produção artística e gerar empregos no setor. Também defendeu políticas que permitam maior apoio à participação de artistas em festivais fora de seus estados, apontando os altos custos como barreira à difusão da música brasileira.

“Não adianta ser classificado se não há condições de ir até o evento. O artista precisa de apoio para circular e mostrar seu trabalho”, afirmou.

Influências e futuro

As influências de Guilson são diversas: do rock de Brasília dos anos 1980 ao reggae do Cidade Negra, passando por nomes como Vanessa da Mata e Erasmo Carlos. O cinema também aparece como inspiração, com referências a filmes e documentários que o ajudaram a pensar a música como registro de época.

Ao final do programa, o cantor agradeceu a oportunidade e reiterou a importância de espaços populares de comunicação para a cultura. “É uma alegria enorme estar aqui. Esses programas são muito importantes, não só para a música, mas para a formação de opinião e a luta por um Brasil mais justo e democrático”, disse.


📺 Programa Café com Democracia
📅 De segunda à sexta
🕙 Das 7h30 às 8h
📺 Ao vivo em: https://www.youtube.com/TVAtitudePopular
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