Da Redação
O PL e aliados impõem anistia como condição para o fim da obstrução parlamentar, utilizando discurso conflagrado de “guerra política” em plena crise institucional.
Hoje, 5 de agosto de 2025, parlamentares do PL e outras bancadas da oposição declararam obstrução total no Congresso enquanto pressionam pela votação imediata de anistia ampla e irrestrita para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Liderados por Sóstenes Cavalcante e Flávio Bolsonaro, o grupo transformou parlamentares em actores de uma chantagem institucional sem precedentes.
A proposta, enxergada como condição essencial para qualquer retomada da “paz democrática”, inclui além da anistia: o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, revogação de inquéritos sobre o ex-presidente e fim do foro privilegiado para autoridades investigadas. A oposição justifica que esse “pacote da paz” restabeleceria o equilíbrio institucional, mas críticos alertam que se trata de tentativa clara de impunidade aos responsáveis por tentativa de golpe.
A frase de Sóstenes — “Se é guerra que querem, guerra terão” — simboliza a escalada tática. As plenárias da Câmara e do Senado estão paradas, com ocupação das mesas diretas e bloqueio das sessões. A estratégia cria risco à própria governança, ao transformar o Legislativo em arena de pressão política e não de deliberação pública.
Mesmo diante da pressão opositora, líderes como Hugo Motta e Davi Alcolumbre afirmaram que não aceitarão imposições sobre a soberania nacional ou interferência externa na independência dos poderes. Motta chegou a barrar reuniões de comissões durante recesso informal, enquanto o centrão evitou se expor diretamente à pauta radical.
A tramitação do projeto de anistia (PL 2858/22) já foi colocada como prioridade da oposição, inclusive com parlamentares do próprio PL se comprometendo a pautá-lo na primeira ausência do presidente formal da Câmara. Eles defendem que a concessão de anistia apagaria penas e condenações relacionadas à tentativa de golpe, incluída a prisão domiciliar do ex-presidente.
O movimento, porém, é visto por especialistas como um duelo institucional: a oposição busca manipular a estrutura legislativa para controlar o fluxo político, enquanto o governo e o Judiciário mantêm posição de defesa intransigente da legalidade e da democracia. A chantagem legal por anistia simboliza uma tentativa de reverter responsabilizações judiciais com um gesto político gravitacional — em clara afronta ao Estado de Direito.