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PCC interceptava mensagens para fraudar combustíveis na Faria Lima, diz investigação

Da Redação

Mensagens interceptadas durante a Operação Carbono Oculto revelam que criminosos do PCC monitoravam fiscalizações com antecedência para organizar fraudes em combustíveis — uma articulação sofisticada que envolvia centros financeiros como a Faria Lima.

A investigação da Operação Carbono Oculto, deflagrada nesta semana, revelou que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) se valiam de mensagens interceptadas para se antecipar às fiscalizações, tornando possível a continuidade de desvio e adulteração de combustíveis sem ser detectados. O grupo controlava uma rede que partia das usinas e chegava até centros financeiros da Faria Lima, em São Paulo.

O uso dessas mensagens permitia ao esquema criminal desviar metanol — substância importada em grande volume — e misturá-la em proporções acima de 50% com gasolina comum, longe do limite legal de 0,5%. Este combustível adulterado era distribuído a postos, parte do circuito controlado pela organização.

A rede era ampla, incluindo cerca de 1.000 postos de combustíveis e movimentando dezenas de bilhões de reais entre 2020 e 2024. Uma única fintech atuava como “banco paralelo”, movimentando colossal volume financeiro sem identificação clara de clientes, além de permitir transações anônimas por meio de “contas-bolsão”. A partir dessa infraestrutura, os valores eram revertidos para fundos de investimento, imobiliárias, usinas, fazendas, caminhões e outros ativos de luxo.

A presença da Faria Lima no esquema não foi simbólica: escritórios de gestão financeira sofisticada foram usados como intermediários legais, mascarando a cadeia de origem criminosa dos recursos. O escopo evidenciou a infiltração da organização, que ia muito além de operações amadoras, entregando um aparato quase corporativo em escala nacional.