Da Redação
Durante investigações sobre tentativa de golpe, a Polícia Federal encontrou mensagens no celular de Jair Bolsonaro nas quais ele discute com aliados a possibilidade de asilo político ao presidente argentino Javier Milei — um indício grave de tentativa de obstrução de Justiça.
Nesta quarta-feira, 20 de agosto de 2025, a Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, pelo crime de obstrução de Justiça no curso das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. Entre os novos indícios inéditos, foram recuperadas mensagens e áudios apagados do celular de Bolsonaro que revelam discussões com aliados sobre a possibilidade de pedir asilo político na Argentina, ao governo de Javier Milei — figura política alinhada a Bolsonaro.
Um dos materiais incluídos no relatório e enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) foi um documento eletronicamente editável (sem data ou assinatura) contendo um esboço de pedido de asilo em caráter de urgência. Os interlocutores mencionados nas trocas incluiram Eduardo Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, este último alvo de mandado de busca e apreensão e com passaporte retido pelas autoridades.
Segundo a investigação, o teor dessas conversas reforça a tese de que Bolsonaro planejou uma fuga antecipada do país, com o objetivo claro de evitar a aplicação de leis penais. Esse comportamento indicaria não apenas uma preparação para escapar às consequências jurídicas, mas também uma tentativa de coagir ou intimidar autoridades e interferir no curso dos inquéritos que apuram a trama golpista.
Contexto da investigação
O inquérito que investiga a tentativa de golpe teve origem após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que identificou ações de Eduardo Bolsonaro em busca de sanções estrangeiras contra ministros do STF. O caso levou ao indiciamento do ex-presidente, que já se encontra sob prisão domiciliar, uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes.
Repercussão imediata
O fato que um ex-presidente da República tenha discutido um plano tão explícito de solicitação de asilo político em país vizinho configura um novo patamar nas investigações: evidencia um grau de delinquência civil e moral que desafia os limites do absurdo institucional.
Além disso, torna-se evidente uma tentativa de sustentar um estado paralelo de impunidade e fuga, ao mesmo tempo em que reforça teorias conspirativas praticadas sob o guarda-chuva da política de desestabilização. Ambos os elementos contribuem para o agravamento da crise democrática brasileira.
