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PF vê possível ligação entre ameaças a Flávio Dino e milícias digitais

Da Redação

Polícia Federal solicita ao STF que vincule ofensas e mensagens de ódio dirigidas ao ministro Flávio Dino ao inquérito sobre milícias digitais; investigação preliminar já identificou dezenas de perfis e pede dados às plataformas para identificar responsáveis.

A Polícia Federal encaminhou ao Supremo Tribunal Federal um relatório no qual aponta a possível ligação entre as ameaças recebidas pelo ministro Flávio Dino e a atuação de milícias digitais. O pedido formal busca que as intimidações sejam anexadas ao inquérito já em andamento, que investiga redes de desinformação e ataques coordenados contra autoridades brasileiras.

As ameaças, segundo a notícia-crime apresentada pelo próprio ministro, aumentaram de intensidade após seu voto em uma ação de grande repercussão. A PF identificou dezenas de perfis em diferentes plataformas digitais que publicaram mensagens semelhantes, em horários próximos, com indícios de organização prévia. O padrão, de acordo com a investigação, é compatível com operações de mobilização digital que já vinham sendo analisadas em outros procedimentos.

No documento, os investigadores pedem autorização para requisitar dados cadastrais e metadados das contas suspeitas, permitindo a identificação dos responsáveis. A solicitação também inclui a possibilidade de quebra de sigilo e cooperação internacional, caso seja necessário, a fim de rastrear a origem das postagens e os vínculos entre os perfis.

A preocupação das autoridades é que ataques dessa natureza não representam apenas risco pessoal ao ministro, mas também ameaça à independência do Judiciário. Para a PF, o efeito intimidatório de mensagens violentas direcionadas a magistrados pode minar a confiança pública nas instituições e comprometer o funcionamento regular da Justiça.

Especialistas em segurança digital ressaltam que esses episódios revelam o funcionamento híbrido das chamadas milícias digitais: grupos que combinam atuação online — em campanhas de desinformação, ataques coordenados e ameaças — com estruturas políticas e financeiras fora das redes. Isso amplia a complexidade das investigações e reforça a necessidade de articulação entre perícia técnica, inteligência policial e cooperação internacional.

No meio político, o caso já gera repercussões. Aliados do ministro destacam a gravidade das intimidações e defendem uma resposta firme do Estado. Parlamentares e entidades de defesa da magistratura consideram que a apuração deve ser rápida e exemplar, de forma a inibir novas práticas semelhantes.

A investigação está em andamento, e novas diligências deverão ser realizadas nas próximas semanas. O andamento do processo dependerá da decisão do relator do inquérito no STF, que avaliará se as ameaças contra Dino devem ser oficialmente vinculadas ao caso das milícias digitais.