Da Redação
A bancada do PL planeja levar à mesa de líderes da Câmara, na mesma semana em que se inicia o julgamento da tentativa de golpe no STF, o projeto de anistia para envolvidos nos atos de 8 de janeiro — uma ofensiva política para pressionar e constranger outros partidos a se posicionarem.
A bancada do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados articula acelerar a tramitação de um projeto de anistia direcionado aos réus e investigados por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. A iniciativa está sendo liderada por Sóstenes Cavalcante (RJ), líder da sigla, que pretende pressionar por sua inclusão na pauta da reunião de líderes partidários marcada para a mesma semana em que o STF começa a julgar o caso.
A proposta visa conceder anistia “direta” aos acusados, em uma tentativa de blindar aliados políticos — incluindo Jair Bolsonaro — que agora enfrentam o desgaste judicial e público. A estratégia audaciosa do PL vem depois de o partido ter deixado de lado bandeiras recentes, como a PEC da “blindagem” e a revisão do foro privilegiado, que encontraram forte resistência política e repercussão negativa.
Ao tentar pautar a anistia coincidentemente com o julgamento no Supremo, o PL vislumbra transformar esse momento em instrumento de pressão: a proposta forçaria outras legendas a se posicionarem claramente sobre o tema, sob risco de serem vistas como cúmplices da impunidade. Segundo Sóstenes, “todos querem [a anistia], inclusive a esquerda, mas o desgaste fica apenas com o PL”, numa tentativa de delegar a responsabilidade política a outros partidos.
Essa manobra intimida aliados e adversários e transforma a reunião de líderes em um palco de embate político sobre o futuro dos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023.