Da Redação
Presidência do PL pediu à Câmara que suspenda ação penal contra Gustavo Gayer — réu no STF por acusações de calúnia, injúria e difamação — enquanto a CCJ da Casa avalia o pedido; movimento reacende debate sobre proteção partidária a parlamentares investigados.
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, acionou a Câmara dos Deputados em movimento para tentar blindar o deputado Gustavo Gayer, réu em ação que tramita no Supremo Tribunal Federal. A legenda defende que a Casa adote providências que impeçam o prosseguimento do processo, cujo cerne são acusações de calúnia, injúria e difamação decorrentes de declarações públicas feitas por Gayer em 2023.
A estratégia do partido agora está nas mãos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que deve avaliar o pedido antes de qualquer encaminhamento ao plenário. Esse movimento revela como o PL busca preservar a imagem de um de seus nomes mais identificados com o bolsonarismo radical, mesmo diante dos riscos de desgaste institucional.
Na prática, a tentativa de blindagem expõe a tensão entre duas visões políticas: de um lado, a defesa da prerrogativa parlamentar e da presunção de inocência; de outro, a crítica de que o uso de mecanismos internos da Câmara para sustar uma ação judicial abre precedente perigoso e fere o princípio da igualdade perante a lei.
Interlocutores da própria base admitem que a articulação é arriscada, já que pode ampliar o desgaste público da legenda e fornecer munição para a oposição, que acusa o PL de transformar a Câmara em escudo corporativo para aliados processados.
A decisão da CCJ será um termômetro importante: se aceitar o pleito do PL, poderá gerar novos embates jurídicos e políticos; se rejeitar, exporá os limites da influência de Valdemar Costa Neto sobre a bancada. De qualquer forma, o episódio mostra como a relação entre política e justiça segue no centro da disputa pelo futuro imediato do bolsonarismo no Congresso.