Da Redação
O governo Lula avalia o tarifão de 50% imposto por Trump como um marco político comparável aos ataques golpistas de janeiro de 2023. A aposta é unir os Poderes e renovar a agenda legislativa com o Congresso em clima renovado.
Integrantes do Palácio do Planalto veem o tarifão de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros como um evento político de extrema gravidade, com proporções simbólicas semelhantes aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. De acordo com relatos do núcleo político da Presidência, a medida de Washington representa uma agressão à soberania nacional, mas também tem potencial para catalisar uma reação institucional unificada.
No entendimento do Executivo, esse choque externo poderia servir como elemento de coesão interna entre os Poderes da República, gerando um clima de trégua política com o Congresso Nacional. Com o fim do recesso parlamentar, Lula pretende lançar uma pauta conjunta com prioridades como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e a PEC da Segurança Pública, usando o momento para redefinir o relacionamento com deputados e senadores.
“Mudou o astral”, resumiu um assessor próximo ao presidente, indicando que o episódio tarifário desmobilizou setores radicais da extrema-direita brasileira, colocando esses grupos em situação defensiva. A percepção interna é de que o governo ganhou espaço político para retomar o diálogo com setores moderados do Legislativo.
A atitude equilibrada de Lula — que combina firmeza na defesa da legalidade e disposição ao diálogo diplomático — tem sido destacada por analistas como fator de fortalecimento institucional. A ofensiva dos EUA, embora impactante, reteve algumas exceções em setores estratégicos, o que dá ao governo margem para articulações pragmáticas. A popularidade em alta e mobilizações nas redes sociais favoráveis ao Executivo enriquecem esse cenário de confiança política.
Agora, o Palácio aposta na retomada de convergência com o Congresso, inclusive abrindo espaço para negociar propostas que podem avançar em conjunto e reforçar a imagem de um governo capaz de transformar crise externa em oportunidade interna. O Executivo acredita que esse movimento pode permitir uma fase de estabilidade política, sem radicalismos, com foco em resultados legislativos imediatos.