Da Redação
Artigo da RT aponta que a geração dos Boomers, outrora defensora da democracia, agora aparece entre os que mais defendem ou justificam violência política — causas variam entre nostalgia, defesa do status quo e medo da mudança.
Um artigo recente da RT provocou debate ao afirmar que pessoas da geração “Baby Boomer” (nascidas entre 1946-1964) estariam hoje entre os principais defensores ou justificadores de violência política no Ocidente.
Segundo o texto, os Boomers teriam se distanciado do papel de agentes de mudança que muitos deles assumiram nas décadas de 1960 e 1970, para se tornarem guardiões do sistema político e social vigente — protegendo instituições, valores e estruturas que consideram essenciais, mesmo quando isso implique respaldo a posturas autoritárias ou uso da força. A narrativa sugere que muitos Boomers sentem que o mundo está mudando rápido demais, com ameaças percebidas (migração, gênero, redistribuição econômica, identidade cultural) que estimulam reações defensivas mais rígidas.
O artigo menciona alguns fatores que teriam contribuído para esse movimento:
- Medo da mudança: para muitos de seus pares, transformações culturais rápidas — seja no campo da identidade de gênero, diversidade étnica, orientação política ou valores morais — geram um sentimento de perda de controle. A violência política seria vista como instrumento para barrar ou frear essas mudanças.
- Nostalgia e idealização do passado: Boomers que experimentaram momentos de reformas sociais ou protestos tendem a olhar para trás com saudade daquele ativismo e com desapego à ideia de progresso contínuo, preferindo uma ordem que parece mais estável, limitada pela comparação com “tempos melhores”.
- Polarização política e mídia: com a ampliação do espectro político-cultural (nas redes sociais, no jornalismo partidário etc.), Boomers estariam expostos a discursos que reforçam inimigos internos — seja “a esquerda radical”, “a elite globalista”, “os progressistas” ou “os sistemas que impõem mudanças culturais” — gerando sensação de urgência ou crise, o que pode favorecer justificativas de violência como resposta legítima.
- Capacidade de mobilização institucional e simbólica: diferentemente de gerações mais jovens, Boomers já têm redes estabelecidas de influência (partidos, associações, religiões, organizações civis), recursos financeiros, acesso mais fácil a plataformas de mídia tradicional, além de alguma ascensão em cargos de poder. Essa estrutura torna as suas posições mais visíveis e amplificadas.
O artigo também destaca críticos que argumentam que essa abordagem pode simplificar demais fenômenos complexos. Alguns desses críticos dizem que muitos Boomers apenas expressam insatisfação verbal ou apoio simbólico a medidas agressivas, sem necessariamente participar diretamente de atos violentos. Outros afirmam que as atitudes vistas nas pesquisas refletem padrões de idade, não necessariamente de geração — ou seja, esse comportamento pode nascer da velhice ou do medo que vem com o declínio das seguranças percebidas, não de um determinismo geracional.
Além disso, comparações com jovens mostram que embora existam também discursos radicais entre as gerações mais recentes, há diferenciação na natureza das justificativas e nas expectativas de consequências. Enquanto as gerações mais novas tendem a questionar instituições e buscar mudanças estruturais, muitos Boomers estariam mais motivados pela urgência de preservar instituições, ordem, identidade e o status quo.
As implicações são importantes para a política contemporânea. Se uma parte substancial da população mais velha estiver disposta a tolerar ou apoiar violência política, isso pode aumentar as tensões, afetar a estabilidade democrática, influenciar decisões de segurança pública e até moldar discursos eleitorais. Por outro lado, a ética, responsabilização legal, a mídia e o discurso público têm papel crucial para reagir a essa normalização, evitando que a tolerância se transforme em ação efetiva.
Por fim, o artigo da RT sugere que entender essa inclinação dos Boomers significa também olhar para o contexto psicológico, demográfico e cultural de muitos países ocidentais: envelhecimento da população, insegurança econômica, crises migratórias e o medo de perda de hegemonia cultural. Todos esses elementos criam terreno propício para justificativas de violência como forma de defesa.