Da Redação
Declaração pública do presidente do PL revela envolvimento em trama golpista e fragiliza a estratégia do governador Tarcísio para aprovar anistia aos acusados.
O cenário político se complica para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, após o presidente de seu partido, o PL, admitir publicamente que houve planejamento de golpe de Estado. A confissão coloca em xeque a articulação que Tarcísio vinha fazendo em Brasília para viabilizar uma proposta de anistia que beneficiasse Jair Bolsonaro e demais envolvidos nos atos golpistas.
Nas últimas semanas, Tarcísio intensificou interlocuções no Congresso para aprovar o perdão legal, construindo costuras com líderes do centrão e aliados da direita. A expectativa era pautar o tema com urgência. Porém, a admissão por parte do presidente do PL implica um reconhecimento formal de culpa ou participação no golpe, o que reforça os argumentos jurídicos e institucionais contrários à anistia: como a inconstitucionalidade por crimes contra a democracia.
A publicação da confissão mobilizou reações imediatas. Advogados especialistas em Direito Constitucional afirmar que tal reconhecimento torna ainda mais difícil qualquer projeto de lei de anistia prosperar sem enfrentar forte resistência no STF e amplo escrutínio público. A tese de que crimes como os do golpe não são passíveis de perdão legal ganha corpo, e a opinião pública tende a considerar a anistia não apenas imprópria, mas potencialmente abusiva.
Do ponto de vista político, Tarcísio agora se encontra em posição de risco: apoiadores bolsonaristas esperavam que ele gravitasse como alternativa à liderança direta de Bolsonaro em 2026, em parte por manter uma narrativa de “ampliação do debate” em torno da anistia. A admissão do dirigente do PL pode vincular ainda mais Tarcísio à responsabilidade pelos atos golpistas, afastando eleitores indecisos e elevando o custo político de manter essa bandeira.
A articulação de barrar a anistia, que já contava com aliados no governo, juristas e mesmo setores moderados do Congresso, tende a receber novo impulso. Parlamentares que relutavam em se manifestar passarão a ser pressionados, e a base governista poderá usar esse episódio como argumento simbólico de que anistiar é concordar com o golpe.
Em suma, embora Tarcísio ainda vá a Brasília para tentar avançar sua proposta, este momento marca um enfraquecimento de sua estratégia, já que a admissão de planejamento de golpe deixa mais claro para o público e para o Judiciário que se trata de uma responsabilidade direta daqueles que buscam a anistia — tornando-a mais difícil de aceitar, legal e publicamente.