Atitude Popular

“Quando o seu adversário estiver cometendo um erro, não o interrompa”

Em entrevista a Sara Goes, o professor e youtuber Roberto Cardoso avalia que os atos de domingo reacenderam o protagonismo popular, pressionaram o Congresso e recolocaram a juventude no campo democrático

As manifestações do último domingo levaram multidões às ruas em capitais e cidades do interior, com forte presença juvenil e bandeiras do Brasil recuperadas como símbolo cívico. A análise é do professor e comunicador Roberto Cardoso, convidado do programa Democracia no Ar, da Rádio e TV Atitude Popular, apresentado por Sara Goes. O conteúdo desta matéria tem como fonte a entrevista exibida no programa, com comentários de Antônio Ibiapino.

Cardoso, que vive em Bauru, descreveu uma mudança de clima inclusive no interior paulista, território historicamente refratário ao PT. “Tinha bastante pessoas, mais do que eu esperava, muitos jovens”, disse, ao comparar o perfil do público com atos bolsonaristas anteriores. Para ele, o recado dado nas ruas impactou Brasília de imediato. “Político só trabalha com o pé na bunda mesmo, eles assustam dependendo da reação do povo, o ano que vem é ano eleitoral e se assustaram. Brasília mudou completamente essa semana com essas manifestações”, afirmou.

A pauta que unificou as mobilizações, segundo o entrevistado, combinou a rejeição à anistia dos golpistas com a crítica à chamada PEC da blindagem. “A anistia tem um apoio pequeno, mesmo entre bolsonaristas. Já a PEC da bandidagem não tem defesa”, avaliou. Cardoso considerou que a escalada de ataques no exterior, incluindo investidas contra autoridades brasileiras e seus familiares, agravou o desgaste da extrema direita. “A partir de agora, a situação do Jair Bolsonaro se complica muito”, disse, projetando efeitos jurídicos e políticos para o núcleo bolsonarista.

No debate, Sara Goes destacou que os atos foram expressivos em várias regiões e que Fortaleza reuniu cerca de 30 mil pessoas, com forte presença juvenil. Ibiapino ressaltou a necessidade de pressionar o sistema político por transparência e responsabilidade, com ênfase na crítica a privilégios e autoproteções parlamentares.

Para Cardoso, a confluência entre rua e institucionalidade criou um ambiente de contenção a pautas regressivas. Ele lembrou movimentos recentes do presidente da Câmara e de lideranças do centrão diante da reação popular e apontou que o ciclo abriu uma janela para reorganização de forças democráticas. “Quando o seu adversário estiver cometendo um erro, não o interrompa”, resumiu, ao defender que a sociedade mantenha vigilância e presença nas pautas centrais.

O professor também fez autocrítica ao campo progressista, pedindo mais capilaridade, organização e diálogo com o eleitor médio. Criticou a dificuldade de filiação e de formação de quadros nas disputas locais e cobrou estratégias para ampliar bancadas. “A esquerda precisa buscar votos fora, conversar com o centro, sem fechar-se em si mesma”, disse. Na avaliação do convidado, o domingo marcou um ponto de inflexão ao rejuvenescer o público democrático e expor contradições de adversários que, na sua leitura, acumulam erros políticos e jurídicos.

Ao final do programa, Sara Goes conectou as ruas à agenda nacional ao mencionar o discurso do presidente Lula na ONU, com a frase “nossa soberania é inegociável”, interpretada pelos participantes como sintonia com o sentimento que moveu os atos. A mensagem, para o trio, aponta uma oportunidade estratégica, manter o ritmo de mobilização, disputar corações e mentes com argumentos e resultados, fortalecer políticas públicas e transformar energia cívica em representação parlamentar.

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