Da Redação
Deflação de 0,69% nos alimentos em julho ajudou a conter a inflação no orçamento das famílias de baixa renda, enquanto a dos grupos mais ricos acelerou devido a gastos com transportes e serviços.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por meio do Indicador de Inflação por Faixa de Renda, revelam uma mudança significativa no comportamento inflacionário em julho de 2025. A principal novidade é a queda de 0,69% nos preços dos alimentos consumidos em casa, que se tornou o principal amortecedor da inflação para as famílias de menor poder aquisitivo.
A inflação mensal para a faixa de renda “muito baixa” caiu ligeiramente, passando de 0,20% em junho para 0,19% em julho. As faixas de renda baixa e média, por sua vez, apresentaram estabilidade. Em contraste, a classe de renda alta experimentou aceleração inflacionária: sua taxa subiu de 0,28% para 0,44%, um comportamento marcado por aumentos nas passagens aéreas (19,9%) e nos serviços de recreação (1,6%).
Embora julho tenha apresentado esse alívio em termos gerais, a inflação acumulada no ano ainda penaliza mais os lares de menor renda — tanto as classes “muito baixa” quanto “baixa” acumulam variação de 3,4% em 2025, impulsionadas pelas altas nos alimentos para consumo domiciliar (+2,9%), energia elétrica (+10,2%) e transporte urbano (+6,7%). No mesmo período, a faixa de renda alta registrou a menor inflação até agora, com 3,0%, favorecida por quedas expressivas em tarifas aéreas (-13,6%).
No acumulado dos últimos 12 meses, a disparidade persiste: a inflação chegou a 5,4% nas rendas mais baixas e a 5,0% nas mais elevadas. O custo dos alimentos continua pressionando, com altas expressivas em produtos como carnes (+23,4%), aves e ovos (+10,5%), óleo de soja (+19,5%) e café, que subiu inacreditáveis 70,5%. Além disso, despesas com habitação – energia elétrica (+7,3%) e gás de botijão (+5,6%) – também pesam mais para as famílias de renda mais baixa.
