Gláucia Lima, da Casa da Amizade Brasil-Cuba, critica sanções dos EUA, exalta a resistência cubana e defende o legado das brigadas médicas
O programa Democracia no Ar, transmitido pela TV e Rádio Atitude Popular, recebeu nesta edição a professora e escritora Gláucia Lima, presidenta da Casa da Amizade Brasil-Cuba no Ceará. A entrevista, apresentada por Sara Goes com comentários de Comandante Ibiapino, destacou os desafios históricos e atuais da luta contra o imperialismo e o papel de Cuba na solidariedade internacional.
Logo no início, Gláucia reagiu à comparação feita pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entre Jair Bolsonaro e Ernesto Che Guevara. “Querer comparar um trabalhador como Che Guevara com um corrupto feito Bolsonaro é como colocar Pôncio Pilatos no altar”, disse. Para ela, a fala é mais um exemplo da banalização de símbolos revolucionários.
Cuba e a medicina internacionalista
A convidada lembrou a criação da brigada médica Henry Reeve, que atua em missões humanitárias pelo mundo desde 1960, e ressaltou que os médicos cubanos “são profissionais da melhor qualidade que salvam vidas e representam a solidariedade revolucionária”. Ela recordou que os Estados Unidos chegaram a recusar ajuda cubana após o furacão Katrina, em 2005, “preferindo que seu povo sofresse a reconhecer o valor de Cuba”.
Na avaliação de Gláucia, a perseguição recente de Donald Trump ao programa Mais Médicos se insere nesse mesmo contexto de hostilidade. Segundo ela, as sanções planejadas contra autoridades brasileiras e até contra a ex-presidenta Dilma Rousseff “foram freadas diante da repercussão negativa internacional, porque a medicina cubana é respeitada no mundo inteiro, inclusive em países governados pela extrema direita”.
Mulheres e resistência
A entrevistada destacou ainda a relevância das mulheres na revolução cubana. Citou figuras como Vilma Espín e Célia Sánchez, lembrando que a Federação de Mulheres Cubanas foi criada apenas um ano após a vitória revolucionária. “Nós, mulheres, sempre fomos invisibilizadas nas lutas. Em Cuba, desde o início, houve reconhecimento. Hoje o Parlamento cubano tem mais de 50% de deputadas”, afirmou.
Cultura, solidariedade e novos desafios
Para Ibiapino, comentarista fixo do programa, a força da revolução cubana também está na ênfase dada à cultura e à educação popular. Ele lembrou que logo após 1959 houve ampla distribuição de livros e campanhas de alfabetização. “Enquanto aqui distribuímos bíblias, Cuba distribuiu Dom Quixote”, ironizou.
Gláucia completou destacando a atuação do Instituto Cubano de Amizade entre os Povos (ICAP), que articula redes de solidariedade internacionais, e lembrou que casas de amizade como a que preside no Ceará tiveram papel decisivo na recepção dos médicos cubanos no Brasil.
A entrevista terminou com um paralelo entre Cuba e o Brasil diante do tarifaço de Donald Trump. Sara Goes ressaltou que o Brasil já sente os efeitos de sanções comerciais mínimas, enquanto Cuba resiste há mais de seis décadas a um bloqueio total. “Se nós já sofremos com 0,01% das restrições, imaginem o que é para um povo viver isso por gerações”, afirmou.
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