Atitude Popular

Reconhecimento em massa: mais de 150 países já reconhecem o Estado da Palestina

Da Redação

Enquanto cresce a pressão internacional por um cessar-fogo em Gaza, o reconhecimento da Palestina ganha força global, com países ocidentais se somando à maioria do mundo e desafiando Israel e os Estados Unidos.

O reconhecimento que não pode mais ser ignorado

Neste domingo, 21 de setembro de 2025, o movimento diplomático em favor do Estado da Palestina alcançou uma nova dimensão. Mais de 150 dos 193 membros da ONU já reconhecem oficialmente a Palestina, consolidando cerca de 80% da comunidade internacional como defensora da criação de um Estado palestino soberano. Esse número, que por décadas permaneceu concentrado em países da Ásia, África, América Latina e do mundo árabe, agora ganha reforço de potências ocidentais.

O reconhecimento da Palestina não é apenas simbólico: ele consolida a legitimidade internacional de um povo que há décadas luta contra a ocupação e contra práticas cada vez mais denunciadas como políticas de apartheid e genocídio.


Os novos protagonistas

O que torna o momento histórico é a adesão de países até então alinhados com a cautela diplomática pró-Israel. No dia de hoje, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal anunciaram formalmente o reconhecimento do Estado da Palestina. Essa decisão representa um divisor de águas, pois são países centrais no eixo diplomático ocidental e aliados históricos de Washington.

O gesto foi visto como reação direta à escalada militar israelense em Gaza, à expansão dos assentamentos na Cisjordânia e às denúncias da ONU que já classificam as ações de Israel como genocidas. Para os chanceleres desses países, não há mais espaço para neutralidade diante da catástrofe humanitária que atinge milhões de civis palestinos.


Quem já reconhecia

Antes dessa nova onda, a maioria dos países da América Latina — incluindo Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Bolívia — já havia reconhecido a Palestina. O mesmo vale para quase todo o continente africano, boa parte da Ásia e o bloco árabe-islâmico. A decisão desses países sempre foi motivada por uma leitura histórica da colonização e da autodeterminação dos povos, aproximando a causa palestina das lutas anticoloniais.


Quem resiste

Apesar da maioria esmagadora, Estados Unidos e Israel seguem na contramão. Washington se recusa a reconhecer a Palestina e continua sustentando Israel política, militar e financeiramente, mesmo diante das denúncias da ONU. Outros países europeus também resistem, em especial Alemanha e França, que mantêm discursos dúbios — reconhecem a necessidade de dois Estados, mas não assumem formalmente o reconhecimento da Palestina.

Essa resistência, no entanto, torna-se cada vez mais difícil de justificar frente à crescente pressão da opinião pública mundial e à crise humanitária sem precedentes.


O que está em jogo

O reconhecimento da Palestina pelos países ocidentais não resolve, por si só, os dilemas centrais do conflito. Questões como as fronteiras de 1967, o status de Jerusalém, o direito de retorno dos refugiados e a segurança dos civis seguem em aberto.

Mas a adesão de nações que antes se abstinham do tema representa uma mudança significativa na correlação de forças diplomáticas. Ela isola Israel e os Estados Unidos, mina a narrativa de que o apoio à Palestina é restrito ao Sul Global e coloca sobre a mesa um novo tipo de pressão: ou Israel negocia seriamente, ou enfrentará um cerco político cada vez maior.


Avaliação crítica

O reconhecimento internacional da Palestina é um grito global contra o genocídio em curso. É a afirmação de que a comunidade internacional não pode se calar diante da destruição sistemática de um povo e de sua cultura. É também uma denúncia contra a hipocrisia de países que, por décadas, fecharam os olhos para os crimes de guerra de Israel enquanto se apresentavam como defensores da democracia e dos direitos humanos.

Se mais países europeus seguirem a trilha aberta por Portugal e pelo Reino Unido, o isolamento diplomático de Israel poderá atingir patamares inéditos. E, com isso, os Estados Unidos serão forçados a lidar com a contradição de se manter ao lado de um Estado acusado de genocídio pela ONU, ao mesmo tempo em que dizem defender a ordem internacional baseada em regras.

Conclusão

O dia 21 de setembro de 2025 marca uma virada histórica: o reconhecimento da Palestina já não é um ato isolado de países solidários, mas uma decisão coletiva da maioria esmagadora da humanidade. É a consagração de que a luta palestina não é apenas regional, mas uma questão central da justiça internacional e da sobrevivência da democracia global.