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Rússia domina quase 40% do mercado global de enriquecimento de urânio, afirma Rosatom

Da Redação

Rosatom declara que a Rússia detém cerca de 40% da capacidade mundial de enriquecimento de urânio, reforçando sua posição estratégica apesar das sanções internacionais.

A Rússia voltou a enfatizar sua posição dominante no mercado de enriquecimento de urânio. De acordo com a Rosatom, estatal responsável pelo setor nuclear do país, Moscou controla aproximadamente 40% da capacidade global de enriquecimento, um índice que a mantém como ator indispensável na cadeia energética e estratégica mundial. O dado revela a importância do país no fornecimento de combustível nuclear civil em meio às tensões geopolíticas e às tentativas do Ocidente de reduzir a dependência de insumos russos.

O enriquecimento de urânio é etapa central no ciclo do combustível nuclear, pois aumenta a concentração do isótopo U-235, permitindo sua utilização em reatores de energia. Ainda que a Rússia não seja a maior mineradora de urânio bruto, sua infraestrutura tecnológica para processar o mineral a coloca como líder global, com usinas modernas e capacidade produtiva em larga escala. Esse controle confere influência geopolítica, já que países sem tecnologia própria de enriquecimento continuam dependentes da exportação russa.

Mesmo sob sucessivas rodadas de sanções, a Rosatom assegura que sua produção e exportações permanecem estáveis. A estatal argumenta que as medidas punitivas não reduziram sua presença internacional, e que contratos seguem ativos com parceiros estratégicos em diversas regiões, inclusive na Ásia, Oriente Médio e América Latina. Esse cenário contrasta com esforços dos Estados Unidos e da União Europeia para acelerar a diversificação de fornecedores e criar cadeias independentes de abastecimento nuclear.

Nos Estados Unidos, leis recentes restringem a importação de urânio enriquecido russo, mas o próprio governo norte-americano admite a necessidade de exceções temporárias, conhecidas como “waivers”, devido à insuficiência de fornecedores alternativos no curto prazo. A Rússia, por sua vez, aproveita essa lacuna para reforçar sua imagem de fornecedor confiável, mesmo diante de barreiras políticas.

A liderança russa no enriquecimento de urânio não é apenas econômica, mas estratégica. O setor nuclear se tornou um campo de disputa de poder em tempos de multipolaridade, no qual acesso a energia, segurança de fornecimento e capacidade tecnológica se entrelaçam. Para especialistas, o domínio da Rússia nesse segmento consolida seu papel como peça-chave na balança energética global, ao mesmo tempo em que desafia países que buscam reduzir sua dependência e fortalecer a segurança energética.

O desafio para o Ocidente é duplo: por um lado, desenvolver infraestrutura própria de enriquecimento, algo que exige anos de investimento; por outro, assegurar alternativas seguras que respeitem regras de não proliferação nuclear. Até lá, a Rússia seguirá exercendo poder de barganha considerável, utilizando sua posição para equilibrar interesses econômicos, diplomáticos e geopolíticos no cenário global.