Atitude Popular

Sobre a tal química 

Enquanto o maior líder do Sul Global tenta equilibrar comércio e soberania, o magnata oportunista busca reconfigurar o tabuleiro mundial. A reunião entre ambos é o choque de dois projetos de civilização — o do diálogo e o da dominação.

Por Reynaldo Aragon 

Trump disse haver “química” com Lula. Mas o que há, de fato, é um campo de força entre duas visões de mundo. De um lado, o Brasil tenta afirmar sua soberania tecnológica, monetária e ambiental; do outro, a América trumpista tenta preservar o império pela coerção econômica. Este encontro pode redefinir o século XXI — e revelar se ainda há espaço para o diálogo entre a democracia e o caos.

Existe mesmo uma química entre Lula e Trump?

Trump disse, na ONU, sentir uma “química” com Lula. O termo, à primeira vista banal, expõe a tensão fundamental do nosso tempo: a colisão entre dois projetos de civilização. De um lado, o democrata que transformou o Brasil em referência global de soberania e diálogo; do outro, o bilionário que encarna o fascismo de mercado e a decadência moral do império.

A reunião entre ambos não é um evento diplomático — é uma disputa de modelos de mundo. Lula chega como o líder com maior soft power do planeta, representante do Sul Global que desafia o eixo dólar-armas-dados. Trump, por sua vez, tenta restaurar o domínio do capital norte-americano sobre territórios, recursos e narrativas.

O encontro é químico no sentido mais literal: uma reação entre substâncias opostas. Se Lula simboliza a cooperação, Trump simboliza a coerção. Se um propõe a interdependência soberana, o outro insiste na dependência hierárquica. E, nesse atrito, se decide o rumo do século XXI.

O Brasil é o laboratório onde o mundo testa suas novas fórmulas de poder. Cada negociação — sobre tecnologia, energia, Amazônia ou moeda — é parte de uma equação maior: a tentativa do império de conter o avanço do multipolarismo. E Lula, com sua diplomacia paciente e aguda, joga o jogo com uma habilidade que desconcerta o adversário: negocia sem se submeter, dialoga sem se render.

O que está em jogo não é “a química” entre dois homens, mas a reação do mundo diante do nascimento de uma nova ordem. E, mais uma vez, o Brasil está no centro do experimento.

Big Techs — O império digital e o último reduto da soberania

As Big Techs são o novo sistema nervoso do império. Controlam dados, moldam subjetividades e definem o que é “verdade” em escala planetária. Nos Estados Unidos, tornaram-se o eixo invisível entre poder econômico e poder militar — empresas privadas com alcance de Estado. Sob Trump, voltam a atuar como armas de coerção geopolítica: punem, vigiam, desinformam.

Lula entende que a disputa não é tecnológica, mas civilizatória. A questão não é apenas regular plataformas, e sim recuperar o controle sobre os fluxos de informação — o que, em última instância, significa recuperar o controle sobre a realidade. Ao propor uma regulação democrática das redes, o Brasil desafia o monopólio cognitivo das corporações e inaugura o conceito de soberania informacional.

Para Trump, plataformas e algoritmos são instrumentos de guerra cultural e manipulação de massas. Para Lula, são instrumentos de Estado e cidadania. Por isso, a tensão é inevitável: enquanto o império trata a desinformação como ativo estratégico, o Brasil busca construir uma infraestrutura pública, transparente e soberana de comunicação.

Essa diferença é o coração da disputa. De um lado, a privatização do sentido; de outro, o retorno do público como espaço político. Lula sabe que a liberdade de expressão não pode ser refém de monopólios que lucram com o ódio. Por isso, seu projeto é radical no melhor sentido: devolver à sociedade o poder de narrar o próprio tempo.

O império teme isso porque entende que quem controla a linguagem controla o mundo. O Brasil, ao enfrentar o domínio das Big Techs, não apenas defende a democracia — defende o direito de existir como sujeito autônomo na era digital.

Terras Raras — O novo ouro da geopolítica

O século XXI será decidido no subsolo. Terras raras, lítio, nióbio e grafeno são os nervos do mundo digital: sem eles não há chips, satélites, turbinas nem baterias. Controlar esses minerais é controlar o futuro. E o Brasil, com suas reservas estratégicas, ocupa posição central nessa disputa — uma posição que Trump conhece bem.

Sob o trumpismo, os Estados Unidos tratam as cadeias minerais como questão de segurança nacional. A retórica é de livre mercado, mas a prática é de monopólio. Washington busca reduzir a dependência da China e, ao mesmo tempo, manter o Sul Global preso ao papel de fornecedor bruto.

Lula joga outro jogo. Ele entende que o verdadeiro valor dos minerais não está em sua extração, mas em sua transformação tecnológica. O Brasil não quer ser garimpo de ninguém: quer desenvolver cadeias industriais, domínio científico e agregação de valor. Cada grama de lítio brasileiro exportado sem tecnologia embarcada é soberania perdida.

Por isso, o governo trabalha para formar parcerias com países do BRICS e da África em pesquisa, beneficiamento e produção de semicondutores. É um projeto de autonomia mineral e tecnológica, que desafia frontalmente a estrutura colonial das cadeias globais.

Trump enxerga nisso ameaça direta ao império das commodities. Lula vê a chance de converter a geologia em geopolítica — transformar o que antes era exploração em estratégia de emancipação. O futuro será de quem souber minerar sem se ajoelhar.

BRICS — O reposicionamento geopolítico do Brasil

O BRICS é mais que um bloco econômico — é o embrião de uma nova ordem mundial. Ele representa o cansaço coletivo do Sul Global diante da arrogância do dólar e das instituições criadas em Bretton Woods. Sob Lula, o Brasil volta a ser peça-chave nesse tabuleiro: o articulador diplomático capaz de transitar entre potências e construir pontes onde o império ergue muros.

Trump enxerga o BRICS como ameaça direta à hegemonia americana. Para ele, qualquer tentativa de reorganizar o sistema financeiro global é ato de insubordinação. Mas o mundo mudou: o bloco já responde por quase metade do PIB global e por 40% da população do planeta. É uma coalizão que une recursos naturais, tecnologia, energia e vontade política — um novo centro de gravidade da civilização.

O papel de Lula é singular. Ele compreende que o Brasil só será soberano se o mundo for multipolar. Por isso, sua diplomacia combina pragmatismo e visão histórica: coopera com a China, dialoga com os EUA e mantém o BRICS como espaço de convergência, não de confronto.

A criação de sistemas de pagamento próprios, o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento e os acordos em moedas locais apontam para uma revolução silenciosa — a emancipação financeira do Sul. Trump tentará conter esse movimento com sanções e tarifas; Lula o expandirá com confiança, integração e comércio justo.

No fim, o BRICS é mais do que um projeto: é o início de uma era. E o Brasil, com sua vocação de mediador e sua densidade simbólica, está no centro desse renascimento global.

Guerra Tarifária — A coerção econômica como arma

A guerra tarifária é o rosto econômico da guerra híbrida. Trump a usa como instrumento de coerção, não de negociação. Sob o pretexto de proteger a “indústria americana”, impõe tarifas seletivas que atingem setores estratégicos do Brasil — aço, etanol, alumínio e alimentos — para forçar alinhamento político. É o imperialismo travestido de protecionismo.

Lula enxerga o jogo por dentro. Ele sabe que o comércio é o campo onde a diplomacia se transforma em poder concreto. Por isso, adota a tática do equilíbrio: diversificar parceiros, fortalecer o MERCOSUL, expandir o comércio com o BRICS e negociar com os EUA sem jamais se curvar. O objetivo é simples e ambicioso — transformar o Brasil de exportador de matérias-primas em protagonista industrial e tecnológico.

A guerra tarifária é, na prática, uma disputa por soberania produtiva. Quando Trump eleva tarifas, tenta impor ao Brasil o papel de fornecedor submisso. Quando Lula responde com integração regional e acordos bilaterais equilibrados, transforma o comércio em ferramenta de libertação.

O conflito é inevitável, mas a vantagem é brasileira. O país tem mercado interno robusto, matriz energética limpa e diversidade produtiva. O que está em jogo é quem define as regras do comércio do futuro: quem produz valor ou quem o explora. E Lula, com sua diplomacia de precisão, mostra que é possível negociar sem pedir permissão — e vender sem ser vendido.

Sanções e Lei Magnitsky — O lawfare internacional

As sanções são o novo campo de batalha do império. Desde o colapso das guerras convencionais, Washington aprendeu a punir sem invadir: basta bloquear contas, restringir vistos e manchar reputações. A chamada Lei Magnitsky é o instrumento jurídico dessa coerção seletiva — apresentada como defesa dos direitos humanos, mas usada para sufocar governos soberanos e intimidar lideranças políticas.

Trump, ao retomar o controle da Casa Branca, reativa essa lógica de punição como política externa. As ameaças de sanções contra ministros, juízes e personalidades brasileiras são parte do mesmo roteiro que já atingiu Venezuela, Cuba e Nicarágua. É o lawfare em escala global: o tribunal substituindo o tanque, a narrativa substituindo a bala.

Lula conhece esse jogo. Ele próprio foi vítima do lawfare e sabe que a guerra jurídica é apenas a face civilizada da dominação imperial. Sua resposta é diplomática, mas estratégica: fortalecer alianças multilaterais, blindar instituições nacionais e internacionalizar a denúncia das sanções como formas de violência política.

A disputa vai além da economia — é uma luta pelo sentido da justiça. O império tenta monopolizá-la, definindo quem é “corrupto”, “democrático” ou “ilegítimo”. O Brasil, ao resistir, propõe outra lógica: a justiça como soberania, não como subordinação.

O enfrentamento com Trump nesse tema será inevitável. Mas Lula sabe transformar pressão em narrativa e narrativa em força. O país que sobreviveu à Lava Jato não teme mais tribunais estrangeiros — teme apenas perder a própria voz. E é justamente essa voz que o Brasil volta a projetar no mundo.

Agronegócio — Entre o alimento e o poder

O agronegócio é o coração econômico e o calcanhar político do Brasil. Representa parte expressiva das exportações e, ao mesmo tempo, um campo de disputa ideológica e geopolítica. Para Trump, é um espaço de pressão direta — tarifas, subsídios e retaliações servem para forçar o Brasil a alinhar-se à agenda comercial americana.

Lula, no entanto, entende que soberania alimentar é soberania nacional. Ele busca equilibrar produtividade e sustentabilidade, ampliando mercados sem abrir mão da proteção ambiental nem da autonomia sobre o território. Ao diversificar compradores — China, Oriente Médio, África —, o Brasil reduz a dependência de um único eixo e ganha margem para negociar em pé de igualdade.

O império vê o alimento como mercadoria; Lula o vê como ferramenta de paz. Ao articular o agro com a diplomacia climática e os programas de combate à fome, ele transforma o que antes era setor isolado em instrumento de projeto nacional. O agronegócio passa a ser parte da estratégia de reindustrialização e integração regional, não apenas fonte de divisas.

Trump apostará em tarifas e retaliações; Lula responderá com acordos sustentáveis e inteligência comercial. O que se joga é mais que soja ou carne — é o papel do Brasil na segurança alimentar do planeta. E o país que alimenta o mundo não precisa se ajoelhar diante de ninguém.

Desdolarização — A moeda como território da soberania

Desde Bretton Woods, o dólar é mais que uma moeda — é a engrenagem do império. Controlar o dólar é controlar o mundo. Ele define quem pode comprar, vender ou investir, transformando a economia global num sistema de dependência. Trump representa a defesa radical desse poder: sanções, tarifas e chantagens financeiras como instrumentos de dominação.

Lula, ao contrário, vê a moeda como ferramenta de libertação. A desdolarização não é um gesto antiamericano, mas um movimento de emancipação: devolver aos países o direito de transacionar sem ajoelhar-se ao Federal Reserve. O BRICS já avança nesse sentido — criando sistemas de compensação em moedas locais e o Novo Banco de Desenvolvimento como alternativa ao FMI.

Para o império, isso é subversão. Para o Sul Global, é sobrevivência. O Brasil, ao apoiar a multipolarização monetária, propõe uma nova ética financeira: o crédito a serviço da produção, e não da especulação.

Lula entende que soberania hoje também se mede em reservas, câmbio e confiança. Ao diversificar parceiros e ampliar o uso do real em transações regionais, o Brasil passa de devedor a referência. O mundo do futuro não será sem dólar — será sem dono.

Amazônia e Clima — A nova fronteira da soberania

A Amazônia é o coração da disputa civilizatória. Por séculos, o Norte Global tentou transformar a floresta em “patrimônio da humanidade” — eufemismo para controle colonial. Lula inverteu a lógica: o Brasil protege a Amazônia porque ela é sua, não porque precisa de tutela.

Trump, prisioneiro do petróleo e do negacionismo climático, encara o meio ambiente como obstáculo ao lucro. Sua política é a do extrativismo fóssil, da exploração sem limites. Lula propõe o oposto: fazer da floresta um ativo estratégico de desenvolvimento, biotecnologia e soberania.

Sob sua liderança, o Brasil converte o discurso ambiental em poder diplomático. Cada hectare preservado é um argumento de negociação, cada programa de reflorestamento, uma alavanca de investimento. O país não quer doações: quer parcerias que respeitem sua autonomia.

A verdadeira disputa não é entre “progresso” e “preservação”, mas entre modelos de mundo — o da exploração ilimitada e o da sobrevivência compartilhada. O Brasil, com sua floresta e seu exemplo, se torna a bússola moral do planeta.

Trump pode dominar os poços, mas Lula domina o oxigênio da história.

Energia e Transição — O Brasil como potência limpa

A energia é o campo onde se decide o século XXI. O petróleo fez os impérios; o sol e o vento farão os que virão. O Brasil, com uma das matrizes mais limpas do planeta, está pronto para ocupar esse novo centro de gravidade.

Trump representa o passado fóssil — carvão, petróleo, dependência. Sua visão energética é extrativista e nacionalista no pior sentido: proteger o império da escassez. Lula enxerga o futuro como abundância compartilhada. Para ele, energia é bem público, não mercadoria.

O Brasil aposta em hidrogênio verde, biocombustíveis e bioeletricidade para criar uma diplomacia energética de novo tipo — baseada em tecnologia, cooperação e transferência de conhecimento. Cada parceria deve gerar empregos, inovação e soberania. Nenhum acordo vale se transformar o país em colônia energética.

Trump tentará conter essa virada, temendo o Brasil como modelo global de transição. Mas Lula já entendeu: quem domina a energia limpa dominará o futuro. E o futuro, agora, fala português.

Ciência, Tecnologia e Inovação — O tabuleiro invisível

O novo poder não se mede em território, mas em dados, algoritmos e semicondutores. A guerra do século XXI é travada nos laboratórios e nas nuvens digitais. E quem controla a tecnologia controla o tempo histórico.

Trump representa o tecnocapitalismo armado — a fusão entre bilionários, militares e corporações. Sua visão é a do controle: transformar a inovação em arma e a vigilância em norma. Lula propõe o inverso: uma ciência libertadora, voltada ao desenvolvimento e à inclusão social.

O Brasil investe em soberania digital, software livre, IA pública e infraestrutura de dados. Busca parcerias tecnológicas com China, Índia e Europa, sem se subordinar a nenhuma. É uma diplomacia da inteligência — multipolar, ética e estratégica.

Para Trump, tecnologia é instrumento de dominação; para Lula, é instrumento de emancipação. O império quer o monopólio dos chips; o Brasil quer o compartilhamento do conhecimento. É a luta entre o código da opressão e o código da liberdade.

O futuro pertence a quem programar sua própria história.

Defesa e Segurança — O Atlântico Sul em disputa

O Atlântico Sul é o espelho da nova geopolítica: enquanto o Norte se fecha em alianças militares, o Sul busca autonomia. Trump enxerga o oceano como zona de contenção; Lula, como espaço de cooperação. É a diferença entre o império que cerca e o país que conecta.

Para Washington, “segurança hemisférica” é eufemismo para tutela. A presença militar americana nas rotas do pré-sal e nos cabos submarinos é parte da estratégia de vigilância global. Lula responde com soberania: defende o controle nacional sobre Alcântara, o fortalecimento da indústria bélica brasileira e a cooperação regional de defesa.

A nova guerra é híbrida — travada em dados, mares e redes. Por isso, o Brasil amplia sua infraestrutura cibernética e diplomática, articulando parcerias com África e América do Sul para criar uma zona de paz e integração no Atlântico Sul.

Trump acredita no poder pela força; Lula aposta na força pela legitimidade. A disputa não é apenas territorial — é civilizatória. E o Brasil, guardião de um oceano e de uma ideia, defende o que o império mais teme: a independência.

Migração e Direitos Humanos — O rosto humano da diplomacia

A fronteira é o espelho moral de cada nação. Trump ergue muros; Lula constrói pontes. O primeiro governa pelo medo, transformando migrantes em inimigos. O segundo governa pela esperança, tratando o exilado como extensão da própria humanidade.

A política migratória é o termômetro ético do poder. Sob o trumpismo, crianças foram separadas dos pais e deportações viraram espetáculo. Lula, ao contrário, vê na migração um desafio coletivo e um ato de solidariedade. O Brasil acolhe, integra e transforma o acolhimento em força diplomática — porque entende que a dignidade é também uma forma de soberania.

Enquanto os EUA usam a imigração como arma política, o Brasil a transforma em ponte de cooperação com América Latina, Caribe e África. Essa diferença revela dois projetos de mundo: um de exclusão, outro de convivência.

O poder de Lula está em humanizar a geopolítica. Ele sabe que o país que acolhe lidera — e o que expulsa, declina. O Brasil, ao defender a vida onde outros erguem cercas, reafirma seu papel histórico: o de civilização, não o de império.

O Novo Sistema Internacional — Entre Bretton Woods e o BRICS

Desde Bretton Woods, o mundo vive sob o dogma do dólar e a tutela das instituições criadas para protegê-lo — FMI, Banco Mundial e OTAN. Esse sistema, que prometia estabilidade, produziu dependência. O que Trump defende é a manutenção desse modelo: um império financeiro que dita regras sob o disfarce de “ordem internacional”.

Lula propõe o contrário: um sistema multipolar de cooperação e soberania compartilhada. O BRICS é o laboratório dessa nova arquitetura. Nele, o crédito serve ao desenvolvimento, não à chantagem. O Novo Banco de Desenvolvimento substitui condicionalidades por confiança, e a desdolarização inicia a libertação monetária do Sul Global.

Trump tenta reerguer as muralhas de 1945; Lula constrói as pontes de 2045. O primeiro representa o passado que quer se perpetuar, o segundo, o futuro que já começou.

O que se disputa não é apenas poder econômico, mas a definição de valor: o lucro ou a vida. O BRICS encarna a revolução silenciosa do século XXI — a transição da submissão para a autonomia. E o Brasil é o ponto de equilíbrio entre mundos que colidem, mas precisam coexistir.

Conclusão — O laboratório do século XXI

O encontro entre Lula e Trump não é uma reunião diplomática — é um espelho do mundo em transição. De um lado, o império que sobrevive do medo; do outro, o país que propõe esperança como método. Um tenta manter a hierarquia global pela coerção; o outro, pela cooperação.

O Brasil é hoje o laboratório da nova civilização, onde se testam modelos de soberania, democracia e desenvolvimento. Lula compreende que o poder do século XXI não está em armas nem em moedas, mas em narrativas e exemplos. Sua força vem do equilíbrio entre realismo e utopia — negociar sem ceder, dialogar sem se curvar, sonhar sem perder o chão.

Trump simboliza o império em decadência: o capitalismo de desespero. Lula encarna o humanismo estratégico: o capitalismo da reconstrução. Entre ambos, se decide se o mundo será governado pelo medo ou pela inteligência coletiva.

A “química” de que Trump falou é real — mas é uma reação entre substâncias incompatíveis. E é dessa colisão que nasce a nova fórmula do século XXI: um mundo onde o poder se mede pela capacidade de unir, não de dominar.

O Brasil, que um dia foi laboratório da dependência, agora é o laboratório da emancipação. E Lula, seu cientista político maior, mistura os elementos da história com a precisão de quem sabe que, no fim, a verdadeira energia que move o mundo não é o petróleo — é a dignidade.

Artigo publicado originalmente em <código aberto>