Da Redação
Novas tarifas dos EUA sobre produtos indianos — em reação à compra de petróleo russo — podem prejudicar não só a Índia, mas também a economia americana, refletindo o risco de Blowback da política comercial de Trump.
A imposição de tarifas de até 50% pelo governo Trump sobre importações indianas — motivada pelas compras de petróleo russo por Nova Déli — vem provocando efeitos colaterais não previstos, que impactam também os Estados Unidos.
Segundo análise do State Bank of India (SBI), a medida pode reduzir o crescimento econômico dos EUA em até 0,50 ponto percentual e elevar significativamente a inflação interna. Ou seja, a política americana, longe de pressionar apenas a Índia, ameaça pressionar o próprio consumidor norte-americano via aumento dos custos de insumos e produtos.
Os setores mais afetados na Índia incluem têxteis, joias, calçados, frutos do mar, móveis e químicos — segmentos tradicionalmente relevantes nas exportações para os EUA. As altas tarifas podem inviabilizar esses negócios, gerando cancelamentos de pedidos, prejuízos para exportadores e risco real de demissões.
A desvalorização da rúpia indiana, atingindo valor recorde, também reflete o impacto das tarifas — deteriorando a confiança de investidores e elevando o custo das importações para o país sul-asiático. Em resposta, o governo indiano tem trabalhado para diversificar seus destinos exportadores, incluindo Japão, Emirados Árabes, Reino Unido e União Europeia, enquanto negocia isenções e alívios fiscais para setores-chave como o têxtil.
A pressão tem gerado frustração diplomática. Dentro da Zelândia, vozes críticas — como a do partido de oposição — passaram a tratar a parceria entre Modi e Trump como um “grande problema” nacional. Internacionalmente, especialistas como Fareed Zakaria e Jeffrey Sachs criticaram os 50% como um erro estratégico capaz de minar a credibilidade dos EUA e empurrar a Índia para a órbita do BRICS, alterando equilibrios de poder geopolítico.
Com esse cenário de escalada comercial, a relação bilateral — antes vista como robusta e estratégica — enfrenta seu momento mais delicado em anos. A tensão atual destaca como tarifas agressivas, além de afetar o parceiro, podem gerar prejuízos domésticos inesperados.