Atitude Popular

Tarifas de Trump e carta de democratas: nova crise diplomática com o Brasil

Da Redação

Democratas dos EUA acusam Trump de usar tarifas para proteger Bolsonaro; Brasil reage, invoca soberania e prepara retaliações.

O governo dos Estados Unidos, sob presidência de Donald Trump, está no centro de uma nova crise diplomática com o Brasil envolvendo tarifas comerciais e acusações de interferência política. A situação se intensificou após manifestações de parlamentares democratas nos EUA que afirmam que as tarifas de 50% impostas pelo Executivo americano são uma medida para defender politicamente Jair Bolsonaro, recentemente condenado no Brasil, e pressionar o Judiciário brasileiro.

Esses democratas enviaram carta oficial criticando a decisão do governo norte-americano, dizendo que o uso de tarifas como resposta a processos judiciais internos brasileiros constitui abuso de poder e fere normas internacionais. Segundo eles, trata-se de uma tentativa de “proteger um aliado golpista” e deslegitimar ações eleitorais e judiciais previstas na Constituição brasileira. Eles pedem ao governo dos EUA que recue dessas medidas e respeite os princípios de soberania e os poderes autônomos do Brasil em matéria judicial.

Atarifas foram anunciadas por Trump em julho, estipulando alíquota de 50% sobre muitos produtos importados do Brasil. A justificativa oficial americana alegou que há perseguição política contra Bolsonaro, que o sistema judicial brasileiro estaria agindo de forma injusta, e que haveria ameaça à liberdade de expressão. Foram citadas também decisões do Supremo Tribunal Federal contra aliados ou símbolos do bolsonarismo como parte do fundamento para as tarifas.

O governo brasileiro, por sua vez, reagiu fortemente, afirmando que o Brasil possui instituições independentes e que os julgamentos, inclusive contra Bolsonaro, foram conduzidos com amplo direito de defesa, conforme previsto em lei. Lula e ministros têm classificado as tarifas como “chantagem”, “interferência” e “medida unilateral sem precedentes”. O Brasil acionou canais diplomáticos, convocando representantes da Embaixada dos EUA e anunciando medidas de reciprocidade em comércio, além de buscar respaldo em organismos multilaterais.

Especialistas veem nesta crise múltiplos desdobramentos: além do impacto imediato sobre exportações brasileiras para os EUA — especialmente produtos agrícolas e manufaturados — há o risco de retaliações que afetem cadeias de produção, com custo para empresas e consumidores de ambos os lados. No Brasil, a crise alimenta debates sobre soberania, a autonomia do Judiciário, os limites da diplomacia comercial e a importância de manter políticas que protejam os interesses nacionais em cenário internacional instável.

Numa perspectiva eleitoral, a disputa ganha contornos além-dos tribunais. Para muitos, as ações comerciais dos EUA favorecem simbologias e narrativas do bolsonarismo, de que há perseguição internacional contra Bolsonaro, o que pode reforçar sua base. Por outro lado, para o governo Lula, a reação nacional — tribunais, governo, parlamento — ao que se vê como uma tentativa de intimidação externa, fortalece apoios e ativa bustos de orgulho institucional entre setores civis e políticos.

Por fim, embora as tarifas já estejam em vigor, o cenário continua fluido. Existem apelos para mediação diplomática, pressões parlamentares dentro e fora do Brasil, e possibilidades de medidas comerciais recíprocas previstas na nova legislação brasileira para casos de tarifas e sanções externas. O desfecho pode definir precedentes importantes para a relação Brasil-EUA nos próximos anos, especialmente em função de 2026, quando eleições no Brasil prometem polarização intensificada.