Ambulantes do Centro de Fortaleza transformaram tornozeleiras verdes e amarelas em símbolo irônico do 7 de Setembro. O acessório, que remete às prisões de golpistas do 8 de Janeiro, viralizou nas redes e expõe a sátira popular contra o bolsonarismo.
Às vésperas do feriado de 7 de Setembro, quando o bolsonarismo historicamente tenta se apropriar das cores da bandeira nacional, uma cena inusitada ganhou destaque no Centro de Fortaleza. Vendedores ambulantes passaram a oferecer tornozeleiras verdes e amarelas, que se transformaram em verdadeiro sucesso de vendas e de ironia política.
O produto, chamado pelos próprios comerciantes de “tornozeleira patriota”, faz referência direta às prisões e medidas cautelares impostas a centenas de apoiadores de Jair Bolsonaro após os atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023. Enquanto bolsonaristas tentam ressignificar o verde e o amarelo como símbolo de “patriotismo”, a população transforma o acessório em sátira — uma lembrança do desfecho judicial que atingiu boa parte da base radical do ex-presidente.
Um dos ambulantes explicou, em tom de brincadeira, que “o pessoal compra para usar no desfile ou para fazer vídeo. O que não falta é gente querendo tirar onda com os golpistas”. Nas redes sociais, vídeos de jovens e adultos exibindo a “tornozeleira patriota” viralizaram, somando milhares de visualizações em poucas horas. O humor popular expõe não apenas a criatividade do comércio de rua, mas também a rejeição social às tentativas de romantizar símbolos de movimentos antidemocráticos.
A cena em Fortaleza se insere no contexto político atual, em que o bolsonarismo enfrenta desgaste crescente com denúncias de corrupção, indiciamentos e investigações por lavagem de dinheiro e conspiração contra a democracia. O fato de a tornozeleira ter sido transformada em mercadoria de rua reforça a capacidade do povo de responder com humor e sátira àqueles que tentaram fragilizar as instituições.
Mais do que uma brincadeira, a “tornozeleira patriota” já se consolida como um símbolo de resistência popular, lembrando que a democracia brasileira não esqueceu os que tentaram golpeá-la e que até mesmo os signos do autoritarismo podem ser apropriados pelo riso coletivo.
