Atitude Popular

Trump ameaça, Lula responde

Brasil reafirma sua soberania em meio a tensão comercial

Da Redação

Aumento unilateral de tarifas por Trump gera reação contundente do governo brasileiro, que denuncia ingerência política e reafirma autonomia nacional diante de ataques à democracia

Em edição especial do programa 22 Horas, transmitido em 9 de julho de 2025 pelo canal TV 247, os ânimos se acirraram após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar em suas redes sociais a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, classificada por analistas e comentaristas políticos como uma ação de retaliação com forte viés ideológico, motivou uma nota oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmando a soberania do Brasil e a independência de suas instituições.

A cobertura foi ancorada por Ricardo e contou com a participação de Miguel Paiva e do jornalista da Atitude Popular e editor do site <código aberto>, e pesquisador Reynaldo Aragon, que apontaram a gravidade do episódio como mais um capítulo da ofensiva da extrema-direita global. Logo no início da transmissão, foi lida a íntegra da nota de Lula, que repudiou “qualquer ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, e lembrou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém”.

“A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”, afirmou Lula, em trecho destacado do comunicado oficial.

O governo brasileiro também desmentiu as alegações de Trump sobre um suposto déficit comercial dos EUA em relação ao Brasil. Dados do próprio governo norte-americano indicam, ao contrário, um superávit de mais de 410 bilhões de dólares nos últimos 15 anos nas trocas de bens e serviços entre os dois países. Diante da tentativa de pressão, Lula alertou que qualquer medida unilateral de elevação tarifária será respondida com base na lei brasileira de reciprocidade econômica.

A transmissão destacou o papel do bolsonarismo nesse cenário. Segundo os comentaristas, há uma tentativa clara de reativar o capital político da extrema-direita brasileira por meio da intervenção internacional. A figura do deputado Eduardo Bolsonaro — atualmente licenciado e atuando nos Estados Unidos — foi mencionada como peça-chave nos bastidores dessa crise. Ricardo não hesitou em afirmar: “Se há um responsável por essa taxação, seu nome é Jair Messias Bolsonaro.”

Durante o programa, o cartunista e comentarista Miguel Paiva ironizou o comportamento errático de Trump, chamando-o de “disfuncional” e “perigoso”, e classificando a medida como uma “declaração de guerra econômica” ao Brasil. Paiva criticou ainda a postura subserviente de parlamentares bolsonaristas, como o deputado Sóstenes Cavalcante, que minimizou o impacto da taxação e defendeu Trump no plenário da Câmara, mesmo diante da afronta à soberania nacional.

Em um dos momentos mais incisivos do programa, o deputado Paulo Pimenta, também ouvido na cobertura, reagiu com veemência:

“Todos aqueles que, diante desse ataque à soberania, se ajoelham de forma covarde, são quinta-colunas. São vira-latas covardes que envergonham este parlamento e o Brasil.”

Reynaldo Aragon, convidado especial da noite, aprofundou a análise geopolítica da situação. Para ele, a medida de Trump está diretamente ligada ao avanço da política externa brasileira em direção a um mundo multipolar e ao fortalecimento dos BRICS. Aragon destacou que o Brasil tem se consolidado como parceiro estratégico da China e da Rússia, inclusive com a recente aprovação da construção da Bioceânica, ferrovia que conectará o Atlântico ao Pacífico e reduzirá a dependência do Canal do Panamá — tradicional rota controlada pelos EUA.

“O império está esperneando”, disse Aragon. “A tentativa de Trump é clara: impedir que o Brasil se afirme como potência soberana no sul global. Não se trata só do Bolsonaro. A ofensiva é contra a independência do país, contra o Supremo Tribunal Federal, contra o projeto de soberania informacional e econômica do Brasil.”

Segundo o pesquisador, a recente decisão do STF de aprovar mudanças no Marco Civil da Internet, responsabilizando as plataformas digitais por conteúdos ilegais, também mexeu com interesses poderosos ligados às big techs — setor fortemente articulado com a base de apoio de Trump. Nesse sentido, ele vê o ministro Alexandre de Moraes como uma das principais figuras visadas pelo trumpismo internacional.

A análise final da mesa apontou que a taxação imposta por Trump tem efeitos políticos muito mais relevantes do que propriamente econômicos — especialmente se considerada a possibilidade de retaliação brasileira. “Se o governo Lula mantiver firme sua resposta e souber comunicar isso à população, essa crise pode, na verdade, fortalecer um novo tipo de patriotismo progressista”, avaliou Aragon.

Ao encerrar o programa, os apresentadores reforçaram o chamado à mobilização popular nas ruas, especialmente nas manifestações do dia 10, que ganharam novo fôlego após o ataque à soberania brasileira.

“O verdadeiro patriotismo é defender a pátria dos ataques externos, e é isso que o presidente Lula está fazendo”, concluiu Ricardo. “A resposta do povo brasileiro precisa ser nas urnas, nas ruas e na consciência política.”

Fonte original: TV 247 – Programa 22 Horas (transmitido em 9 de julho de 2025)
URL: https://www.youtube.com/watch?v=noGkO5UCGfc