Da Redação
Donald Trump declara estado de emergência e assume o comando da polícia de Washington, D.C., com o apoio da Guarda Nacional e agentes federais; protestos e críticas se multiplicam, enquanto planos avançam para cúpula com Putin em Anchorage.
Na capital dos Estados Unidos, Donald Trump acionou uma cláusula da lei de governo local para assumir o controle temporário da polícia de Washington, D.C., e autorizou o envio de centenas de tropas da Guarda Nacional e agentes federais – uma ação justificada pelo presidente como resposta à suposta escalada da criminalidade.
Apesar dessa justificativa, dados oficiais mostram que os índices de violência na cidade caíram e alcançaram uma mínima histórica. A decisão gerou forte reação entre líderes locais, entidades de direitos civis e ativistas, que temem uma militarização da segurança pública e um enfraquecimento da autonomia da cidade.
A prefeita Muriel Bowser classificou a medida como “inquietante e sem precedentes”, mas optou por uma postura cautelosa e pragmática – aceitando cooperar com as autoridades federais em serviços como a limpeza de acampamentos de moradores em situação de rua e o atendimento a emergências sociais. Essa abordagem reflete as limitações impostas pela Home Rule Act, legislação que restringe os poderes políticos da cidade em face do governo federal.
A ação desencadeou protestos nas ruas, especialmente de moradores que rejeitam a presença alta de agentes federais, e gerou preocupação entre lideranças negras, que enxergam uma lógica punitiva aplicada especificamente as cidades democratas e racialmente diversas. Advogados apontam que a prerrogativa presidencial é válida por até 30 dias, mas que estender seu efeito exigiria aval do Congresso ou a declaração de emergência nacional.
Enquanto isso, Trump anunciou que planeja estender sua atuação no aparelho de segurança em outras capitais criticadas por altos índices de criminalidade, em um plano que tem sido interpretado como tentativa de construir uma imagem de autoridade centralizada e personalizada.
Paralelamente, o presidente também se prepara para um encontro diplomático de alto nível com o russo Vladimir Putin, marcado para ocorrer no dia seguinte em Anchorage, Alasca. A cúpula pode incluir o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, dependendo de avanços nas negociações de paz. A escolha do local – entre neve e isolamento – reforça o clima de tensão e simbolismo estratégico do evento.
Essa combinação de tutelagem federal sobre uma cidade democrática e mobilização diplomática com líderes autoritários desenha um quadro cada vez mais ambíguo e volátil da política americana, tanto interna quanto externa.