Atitude Popular

Trump ataca, o Brasil sangra

Entrevista com Roberto Cardoso expõe a escalada da crise entre Brasil e EUA, seus impactos no Nordeste e os elos profundos entre guerra econômica e guerra cultural

Da Redação

Na TV Atitude Popular, o professor Roberto Cardoso analisa as novas tarifas impostas por Trump ao Brasil, os efeitos geopolíticos da medida, a iminente prisão de Bolsonaro e a urgência da esquerda disputar o futuro com estratégia e maioria.

A recente entrevista com o professor Roberto Cardoso, transmitida pelo programa Democracia no Ar, da TV Atitude Popular, escancarou o tamanho da encrenca que se avizinha entre Brasil e Estados Unidos. A nova rodada de tarifas — 50% sobre produtos brasileiros — foi tratada como parte de um projeto geopolítico mais amplo liderado por Donald Trump, que aposta no isolamento do Brasil como estratégia para reordenar o comércio global sob seu domínio.

“Muita gente achava que era só bravata, mas isso vai escalar”, afirmou Cardoso.

O que parecia um blefe negocial típico de Trump já provoca efeitos reais nas cadeias produtivas brasileiras, especialmente no Nordeste, onde frutas, pescados e derivados têxteis enfrentam prejuízos, cancelamentos de contratos e estrangulamento logístico. Pequenos e médios produtores são os primeiros a sentir a pressão.

Mas o impacto econômico é só a superfície. Segundo Cardoso, estamos diante de uma disputa simbólica, política e geopolítica. A escalada tarifária seria, ao mesmo tempo, um movimento de desespero do bolsonarismo em decadência e uma tentativa de usar Washington como último fiador político. “Essa treta com os Estados Unidos pode ser o fim do governo Trump. O mundo está vendo”, disse.

A entrevista ocorre no momento em que Jair Bolsonaro enfrenta a real possibilidade de prisão. Para Cardoso, o motivo não é o golpe em si, mas obstrução de justiça: violação de medidas cautelares e o desafio público às decisões judiciais. A metáfora da tornozeleira, que virou meme, também virou símbolo do fracasso em se vitimizar. “Ele percebeu que o símbolo não funcionou e agora esperneia para não ser preso”, ironizou.

O comentarista Ibiapino, também presente no programa, foi direto:

“Ele não tem honra nenhuma, não é como o Lula. A cadeia destrói qualquer um, e ele é um covarde.”

Ambos negaram que Bolsonaro esteja se oferecendo como mártir. Pelo contrário: seria um personagem narcisista, destrutivo e covarde, incapaz de resistir politicamente ao cárcere.

O debate então escalou para o papel dos EUA na fabricação do bolsonarismo. Citando pesquisas da UFSC e documentos do Instituto Hoover (Universidade Stanford), a jornalista Sara Goes lembrou do financiamento sistemático da extrema-direita brasileira por think tanks norte-americanos desde antes de 2013. Segundo Cardoso, Bolsonaro foi prospectado como produto de mercado: alguém com apelo midiático e capacidade de viralização.

“A direita é mais científica do que a esquerda. Ela não aposta em ideias, aposta em algoritmos.”

Se o ataque econômico de Trump é o presente, a guerra de algoritmos foi o passado que permitiu a ascensão do bolsonarismo. E o futuro? Para Cardoso, virão novos rostos extremistas:

“O Nicolas Ferreira é mais perigoso que o Bolsonaro. Ele tem cara de bom moço e acredita nas perversidades que fala. Se tiver poder, aplica tudo.”

André Fernandes e Bia Kicis também foram citados como figuras que tentam herdar o legado radical.

No encerramento, o recado foi direto:

“A esquerda precisa aprender com os erros, sair do purismo e disputar fora da bolha. Eleição é sobre quantidade, não qualidade”, afirmou Cardoso.

Sem maioria no Congresso, Lula seguirá refém do centrão. A crise com os EUA, portanto, é parte de um ciclo maior: entre soberania e submissão, entre civilização e barbárie.

Mais uma vez, o Brasil precisa decidir de que lado da história quer estar.

Assista em:https://www.youtube.com/watch?v=pgrwrcL7OHA&ab_channel=TVAtitudePopular

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