Da Redação
Em represália ao prêmio Nobel da Paz concedido à oposicionista María Corina Machado, a Venezuela anuncia o fechamento de sua embaixada em Oslo como gesto diplomático de protesto contra a “instrumentalização política” do prêmio.
O governo venezuelano anunciou nesta segunda-feira o fechamento de sua embaixada na Noruega, poucos dias após a entrega do Prêmio Nobel da Paz à figura opositora María Corina Machado. A decisão foi apresentada como uma medida simbólica de protesto contra o que Caracas qualifica de uso político do Nobel para atacar a legitimidade do regime chavista.
Segundo comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores venezuelano, a medida visa “resguardar a dignidade nacional” diante do que chamou de “instrumentalização política internacional” do prêmio, que considera dirigido contra a Venezuela. O governo afirma que Machado, por ter participado de atos golpistas no passado, não poderia ser legitimamente laureada em nome de figuras “sombrias da oposição”.
A embaixada venderá seus imóveis e ativos diplomáticos na Noruega, e o pessoal diplomático será recolhido ao país até o fim do mês. A Venezuela informou que qualquer serviço consular prestado a cidadãos ainda será realizado por meio de consulados adjacentes ou por meio de país terceiro.
A medida representa escalada diplomática significativa. Ao retirar sua representação oficial na Noruega, Caracas busca enviar recado claro de descontentamento diante de premiações internacionais vistas como alinhadas a agendas opositoras.
Analistas interpretam o gesto como resposta simbólica — de impacto moderado em suas relações bilaterais — mas de grande carga simbólica, sobretudo considerando o contexto polarizado do prêmio Nobel. A Noruega recebe diplomatas venezuelanos em muitos fóruns globais, o que torna o movimento um ponto de tensão em encontros multilaterais nas próximas semanas.
O fato ocorre em momento delicado: o Nobel da Paz para Machado gerou reação contundente de governos latino-americanos aliados ao chavismo, que consideram o prêmio um instrumento de agressão simbólica ao regime. O fechamento da embaixada parece intenção de marcar liderança política entre países que rejeitam o que chamam de “intervenção diplomática” e reafirmar senso de soberania ferida.
O Brasil e outras nações da América Latina observam com atenção: o gesto venezuelano será fator de estreitamento de alianças geopolíticas entre regimes que condenaram o Nobel e pode alimentar tensões diplomáticas com governos que reconheceram o prêmio como legítimo.