Da Redação
Durante visita à Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil está trabalhando para se tornar membro pleno da ASEAN, reforçando sua estratégia de inserção no Sudeste Asiático e no Sul Global.
Em discurso realizado em Jacarta, na Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil está trabalhando para ser membro pleno da ASEAN — a Associação de Nações do Sudeste Asiático — e que vê na região um parceiro estratégico para o futuro econômico e político do país. Segundo o presidente, o Brasil “precisa acreditar na própria economia e no seu papel internacional” e deve consolidar sua presença em novas esferas de influência global.
A fala reflete um avanço importante na política externa brasileira, que há anos vem se aproximando da ASEAN como parceiro de diálogo setorial. Agora, a meta é aprofundar essa relação em caráter institucional, tornando o Brasil o primeiro país da América Latina com status de membro pleno do bloco. Lula afirmou que existe “um entrosamento cada vez mais forte” entre o Brasil e os países do Sudeste Asiático, especialmente em áreas como tecnologia, energia limpa, agricultura sustentável e inovação industrial.
Durante o encontro com o secretário-geral da ASEAN, o presidente destacou o papel da cooperação em temas estratégicos como bioenergia, saúde, educação e sustentabilidade ambiental. Ele também convidou a liderança do bloco a participar da COP30, que será sediada em Belém, ressaltando que a presença dos países do Sudeste Asiático no evento representará “um sinal de mobilização global em torno das florestas tropicais e da transição verde”.
A entrada do Brasil como membro pleno da ASEAN faz parte de uma estratégia de reposicionamento diplomático e econômico, cujo objetivo é diversificar mercados, reduzir dependência de parceiros ocidentais tradicionais e consolidar a presença brasileira no Sul Global. O Sudeste Asiático é visto pelo Itamaraty como uma das regiões mais dinâmicas do planeta — um eixo de crescimento tecnológico e comercial que pode se tornar complementar à atuação do Brasil no BRICS e no G20.
Especialistas apontam, no entanto, que o processo de adesão plena à ASEAN é longo e desafiador, exigindo negociações multilaterais, harmonização de políticas comerciais e compromissos regulatórios. O Brasil precisará alinhar estruturas institucionais e propor contrapartidas concretas de cooperação para garantir apoio dos países-membros.
Para Lula, o movimento simboliza mais que uma parceria econômica: trata-se de um novo capítulo na política externa brasileira, que busca afirmar o país como protagonista na construção de uma ordem multipolar equilibrada e soberana. A aproximação com a ASEAN reforça o papel do Brasil como articulador entre América do Sul e Ásia, ampliando sua voz em temas globais como transição energética, governança digital e desenvolvimento sustentável.
Em síntese, o discurso de Lula em Jacarta sinaliza uma guinada estratégica. Ao buscar o status de membro pleno da ASEAN, o Brasil se reposiciona não apenas como participante de um bloco econômico, mas como potência articuladora de uma nova arquitetura do Sul Global, baseada em soberania, tecnologia e cooperação solidária.


