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Estados europeus da OTAN reforçam armar a Ucrânia com coordenação renovada

Da Redação

Em resposta à escalada do conflito, países europeus da Otan intensificam o apoio militar à Ucrânia: entregas regulares via nova linha logística, pacotes bilionários e estratégia industrial robusta marcam a nova fase do apoio ocidental.

Na semana passada, líderes de países europeus membros da OTAN reforçaram o compromisso de manter o fluxo de armamentos para a Ucrânia, mobilizando não apenas esforço diplomático, mas uma engenharia logística cuidadosamente planejada. O propósito declarado é claro: impedir que Putin conte com sinais de cansaço ou divisão entre seus adversários ocidentais.

Por meio de uma linha de fornecimento construída recentemente sob coordenação da OTAN, Alemanha e aliados garantiram o envio de um pacote militar avaliado em até 500 milhões de dólares — incluindo sistemas avançados de defesa aérea, munições e outros equipamentos essenciais à resposta ucraniana. O apoio coletivo soma contribuições dos Países Baixos, Suécia, Dinamarca e Noruega, entre outros, com entregas planejadas até setembro. A maioria dos equipamentos é fornecida pelos Estados Unidos, embora não diretamente — em vez disso, a estratégia implica que a Europa os compre e encaminhe a Kiev, com a logística sendo operacionalizada pela OTAN.

Desde o início da guerra, as nações europeias já superaram os Estados Unidos em volume financeiro de ajuda militar, com estimativas que apontam cerca de 72 bilhões de euros do bloco europeu frente a 65 bilhões de dólares americanos.

Esse impulso ocorre em paralelo com a crescente industrialização da defesa no continente. Fabricantes europeus de armamento, especialmente na Alemanha, Reino Unido, Noruega e Hungria, elevaram sua produção de munição e sistemas em ritmo três vezes mais acelerado que no período de paz, graças ao apoio financeiro via Fundo Europeu e subsídios por meio do programa ASAP. A capacidade anual europeia saltou de 300 mil para 2 milhões de projéteis, com destaque para os 155 mm que devem atingir 1,1 milhão por ano até 2027.

No cenário institucional, o plano “Readiness 2030” (antigo “ReArm Europe”) visa mobilizar até 800 bilhões de euros para fortalecer a defesa continental em resposta à ameaça russa e à imprevisibilidade americana. A proposta inclui flexibilizar regras orçamentárias, concessão de grandes empréstimos, redirecionamento de fundos comunitários para fins militares e abertura do Banco Europeu de Investimentos para projetos armamentistas, tudo com foco em tornar a Europa menos dependente de Washington a longo prazo.

Cúpulas recentes solidificaram essa postura: no Reino Unido, o primeiro-ministro Starmer anunciou aporte de 1,6 bilhão de libras para compra de mais de 5 mil mísseis antiaéreos produzidos em Belfast. Na OTAN, foi reafirmado o objetivo de elevar os gastos de defesa para 5 % do PIB nacional até 2035 — um salto em relação à meta anterior de 2 %.

Mesmo com essa escalada, analistas enfatizam que a unidade europeia ainda é frágil. Desigualdades orçamentárias entre países, lentidão em aprovar novos financiamentos e dependência tecnológica dos EUA são obstáculos persistentes. Ainda assim, a mensagem política é clara: Europa está enfim disposta a “carregar o piano” da defesa coletiva, com mais infraestrutura militar, linhas de suprimento regulares e vontade de longo prazo.