Da redação
Fenômeno raro ocorre na constelação de Lobo e pode ser visto a olho nu no hemisfério sul por tempo limitado
Uma explosão estelar registrada no início de junho de 2025 está encantando os céus do hemisfério sul e mobilizando astrônomos profissionais e amadores em todo o Brasil. A informação foi divulgada em primeira mão pelo canal Galera do Meteorito, especializado em astronomia, em um vídeo publicado no YouTube no dia 23 de junho.
Trata-se da explosão de uma “nova clássica”, batizada de V462 Lupi, que se tornou visível a olho nu — algo extremamente raro em nossa galáxia. O fenômeno está ocorrendo na constelação de Lobo (Lupus), localizada no céu austral, e deve continuar visível por cerca de duas semanas, dependendo das condições atmosféricas e do brilho residual da explosão.
“É a chance de ver um espetáculo cósmico sem precisar de telescópio”, afirmou entusiasmado o comunicador Richard, responsável pelo canal. “Essa estrela estava completamente invisível até poucos dias atrás. Ela aumentou seu brilho em cerca de 4 milhões de vezes!”
A descoberta foi realizada no dia 12 de junho de 2025, pelo programa All-Sky Automated Survey for Supernovae (ASAS-SN) da Universidade de Ohio, que monitora o céu constantemente em busca de explosões estelares. O fenômeno foi confirmado pelo astrônomo Yuzuru Tanaka, do Observatório Astronômico da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.
A explosão é resultado de um sistema binário: uma anã branca (estrela extremamente densa) que rouba matéria de uma estrela companheira maior. Quando essa matéria acumulada atinge um limite crítico, ocorre uma reação termonuclear violenta, provocando a explosão — diferente das supernovas, que marcam o colapso total de uma estrela no fim de sua vida. O fenômeno é conhecido como nova clássica.
Mesmo sendo visível a olho nu, o brilho da V462 Lupi está no limiar da percepção humana, o que significa que a observação será favorecida em locais com pouca poluição luminosa, como áreas rurais ou de altitude. Um binóculo simples já pode facilitar muito a visualização. O canal recomenda o uso de modelos com zoom entre 10x e 20x.
A janela de visibilidade mais favorável ocorre entre as 20h e 22h, quando a constelação de Lobo está mais alta no céu, na direção sul. Após esse horário, o objeto celeste começa a se deslocar para o sudoeste e, por volta das 3h da manhã, já está muito próximo do horizonte, dificultando a observação.
Segundo a curva de brilho divulgada por astrônomos, a estrela atingiu magnitude aparente 6 — o limite da visão humana sem instrumentos — por volta do dia 18 de junho e ainda pode aumentar ligeiramente de luminosidade nos próximos dias. Após esse pico, o brilho deverá cair progressivamente, tornando a observação impossível a partir de meados de julho.
“É algo tão raro que pode não se repetir em nossa geração. Mesmo essa mesma estrela, se voltar a explodir, pode demorar centenas ou milhares de anos”, alerta Richard.
O canal também anunciou uma live de observação ao vivo para o próximo domingo à noite, com uso de telescópio e dicas práticas para quem quiser acompanhar o fenômeno. A comunidade de observadores está sendo convidada a participar do evento, que se tornou uma verdadeira “mobilização astronômica” nas redes sociais.
A explosão da V462 Lupi, além de ser um espetáculo visual, é uma oportunidade para divulgação científica e valorização da astronomia. Em tempos em que o céu é muitas vezes esquecido por causa da vida conectada e acelerada, observar uma nova pode ser também um convite para olhar com mais atenção o cosmos e compreender nossa pequenez diante do universo.