Da Redação
Com vídeos ousados e foco no Nordeste, governo sinaliza contra-ataque ao avanço conservador e tenta recuperar a narrativa
Em meio a uma escalada de tensões políticas e a reiteradas investidas do Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu assumir as rédeas de uma ofensiva comunicacional. A informação foi debatida no programa Boa Noite 247, transmitido pelo canal Brasil 247 no YouTube, que reuniu no sábado (29) a apresentadora Sara Góes e o jornalista e pesquisador Reynaldo Aragon para analisar a guinada estratégica do governo.
O cenário, como destacou Sara logo na abertura, vinha marcado por uma sequência de derrotas simbólicas e ataques ao Planalto, em especial vindos do Legislativo e de setores da extrema-direita. A reação de Lula, segundo Aragon, não chega a surpreender: “Ele é um gênio da política, sabe que precisa disputar a narrativa, e percebeu que não dá mais para recuar”, pontuou o articulista, que há anos pesquisa as chamadas guerras híbridas e as dinâmicas de manipulação informacional.
A movimentação do presidente ganhou força após episódios recentes como o debate do IOF e o PL das Big Techs, que explicitou a aproximação de gigantes digitais com grupos bolsonaristas. “Aquilo foi um divisor de águas”, comentou Aragon, referindo-se a um seminário organizado pelo PL que reuniu representantes de empresas de tecnologia e parlamentares de oposição, reforçando o ambiente de cerco ao governo.
Segundo o comentarista, Lula não só entendeu o grau de agressividade do jogo, como resolveu reagir. Entre as ações, destacam-se vídeos produzidos pelo Partido dos Trabalhadores com uso de inteligência artificial e forte carga simbólica: neles, banqueiros e bilionários aparecem como antagonistas do povo, sempre caracterizados de forma caricatural, enquanto trabalhadores nordestinos — representados com sotaques e trejeitos autênticos — assumem o protagonismo da narrativa.
Para Aragon, essa estratégia de comunicação toca em pontos sensíveis e corretos. “O Nordeste hoje é o principal bastião de resistência democrática no Brasil. Se eles perderem o Nordeste, perdem tudo”, afirmou, mencionando que o foco da extrema-direita tem sido justamente desconstruir a base progressista na região.
Durante a conversa, Sara lembrou ainda os desafios do campo progressista, citando crises sucessivas — como o aumento do custo de vida e o desgaste da relação com o Congresso — que abalam a popularidade do governo. A apresentadora questionou se a militância e a mídia progressista deveriam aliviar as críticas neste momento tão delicado. Aragon foi enfático: “A crítica é necessária e não pode ser confundida com oposição. Quem ataca Lula hoje a partir de uma posição progressista fortalece a extrema-direita”.
O analista também situou historicamente a gênese da guerra de informação no Brasil. Para ele, a recusa do país em aderir à Alca em 2005 marcou o rompimento de Lula com interesses geopolíticos norte-americanos e desencadeou ataques sucessivos ao campo progressista. “A partir dali, começou uma onda de desestabilização que só se sofisticou com as redes sociais”, explicou, lembrando como episódios do mensalão e da Lava Jato pavimentaram o caminho para o bolsonarismo.
Em tom didático, Aragon retomou o conceito de “guerra híbrida”, ressaltando que a disputa contemporânea se dá muito mais pela construção de sentidos do que por tanques nas ruas. Citou ainda a experiência de Israel, do Irã e da Ucrânia para ilustrar que a informação, moldada em plataformas digitais e redes sociais, tornou-se o principal campo de batalha do século XXI.
Ao final do programa, o clima foi de convocação. Sara reforçou que a base progressista precisará se reorganizar e ocupar espaços, tanto nas redes quanto nos territórios, para conter o avanço conservador até 2026. Aragon endossou: “Essa guerra é por corações e mentes. Se deixarmos a extrema direita dominar a pauta, podemos não ter mais um ambiente democrático para disputar no futuro”.
O Boa Noite 247 mostrou, assim, que a luta pela comunicação se tornou prioridade política de Lula — e que, longe de ser apenas um embate retórico, define os rumos do país no próximo ciclo eleitoral.
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