Da Redação
O Partido Progressistas afasta o ministro dos Esportes, André Fufuca, após tensão interna e ultimato da sigla; movimento sinaliza racha entre base governista e partidos aliados.
Em uma manobra política que revela a crescente pressão sobre aliados do governo, o Partido Progressistas (PP) decidiu afastar de seus quadros o ministro dos Esportes, André Fufuca (PP-MA). A decisão foi anunciada nesta quarta-feira e marca um momento de tensão entre o Executivo federal e sua base aliada.
A crise interna no PP vinha escalando nas últimas semanas. Fufuca — que ocupa o ministério na gestão de Lula — já havia sido alvo de ultimato da legenda para que escolhesse entre permanecer no governo ou manter sua filiação partidária, opção que geralmente é vista como incompatível dentro da lógica de disciplina partidária. O afastamento formal torna-se um desdobramento dessa pressão.
Fontes partidárias relatam que o episódio foi motivado por desconfianças internas, disputas por espaços nas articulações políticas estaduais e temor de que a presença de Fufuca no governo pudesse prejudicar alianças do PP nas eleições de 2026. Para muitos dirigentes, sua permanência gera risco de conflito entre bases locais e o protagonismo do Planalto.
No pronunciamiento após o afastamento, Fufuca reafirmou apoio ao presidente Lula, dizendo que sua “cabeça e coração” continuam ao lado do projeto presidencial. Ele declarou que, independentemente da filiação formal, buscará manter o alinhamento com o governo e contribuir com o processo eleitoral e governamental. O episódio, em suas palavras, não muda sua disposição de atuar na base.
No âmbito do governo federal, a reação foi contida, mas diplomática. A gestão avalia que o recuo do PP representa um teste de coerência partidária para as alianças em 2026. O risco de rompimentos adicionais ou de uma “guerra nas legendas” é considerado real. Por outro lado, há cálculos de que Fufuca — por seu perfil jovem e protagonismo – pode se tornar ativo eleitoral valioso para o governo, principalmente no Maranhão, onde mantém influência local.
Analistas interpretam o afastamento como mais um alerta de que a base de sustentação do governo não está consolidada: partidos aliados estão dispostos a retomar o controle sobre seus quadros e a impor disciplina mesmo sobre nomes bolsões de poder. Para Lula e sua equipe, a tarefa agora será administrar a coesão política sem amargor — mantendo apoios simbólicos sem abrir mão de controle estratégico.
Em suma, o caso Fufuca evidencia o momento de ajuste fino das costuras políticas para 2026: aliadas de hoje podem se tornar rivais amanhã, e cada movimento dentro das legendas será observado como parte do jogo de construção de palanque e dominação em estados-chave. A saída do ministro do PP formaliza uma crise latente — e reforça que, na política brasileira, alianças são tão frágeis quanto indispensáveis.