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Reservatórios em seca há 10 anos; crise hídrica encarece a conta de luz

Da Redação

Especialistas alertam que o modelo defasado de previsão de recursos hídricos expõe vulnerabilidade ao setor elétrico: com reservatórios em níveis críticos, a energia fica mais cara e o risco de racionamento aumenta.

Um estudo exclusivo realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden) revela que, nos últimos dez anos, as principais bacias hidrográficas do país — incluindo as dos rios Paraná, São Francisco e Tocantins — sofreram um período contínuo de seca. Essa tendência prolongada interrompeu o ciclo regular de cheia e seca, configurando um cenário de estiagem severa e persistente.

A geração hidrelétrica, que responde por cerca de 60% da matriz energética brasileira, depende de sistemas de previsão que ainda se baseiam em séries históricas de longo prazo. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) utiliza modelos que não incorporam os efeitos das mudanças climáticas nem as alterações recentes no regime de chuvas, gerando previsões otimistas desconectadas da realidade atual.

A persistência da seca expõe essa limitação do sistema elétrico nacional — uma falha que pode resultar em racionamentos e impactar diretamente no aumento da conta de luz dos consumidores. Desde agosto, por conta dessa situação, a bandeira tarifária foi elevada para o patamar de cobrança mais caro, empurrando o custo da energia para cima ao acionar usinas termelétricas mais onerosas.

Especialistas como a hidróloga Adriana Cuartas alertam que o Brasil entrou num “novo normal climático”, e que a falta de atualização nas previsões coloca em risco a segurança energética no longo prazo. O pesquisador Carlos Nobre acrescenta que o aquecimento global, em conjunto com o desmatamento, modificou o padrão de chuvas, tornando urgente a modernização dessas ferramentas.

A conta de luz mais cara afeta diretamente o consumidor, que já enfrenta pressões inflacionárias. E o que era para ser um sistema estável e previsível, hoje é uma fonte crescente de incerteza e impacto financeiro.

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