Encontro nacional do MAM reúne militância em Fortaleza para debater soberania e impactos da mineração
O programa Café com Democracia, da TV Atitude Popular, apresentado por Luiz Regadas, trouxe uma prévia do que será o II Encontro Nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), que acontece de 24 a 28 de agosto, em Fortaleza, na Universidade Federal do Ceará (UFC). A transmissão contou com a participação de Ana Sabrina, camponesa e militante do movimento no Ceará, e de Charles Trocate, filósofo e integrante da direção nacional do MAM no Pará.
Logo no início da entrevista, Ana Sabrina recitou um poema de sua autoria que, em suas palavras, traduz a essência da luta do movimento: coragem para enfrentar os impactos da mineração nos territórios e afirmar o direito popular sobre o subsolo. Ela destacou que o MAM nasceu em 2012, no Pará, a partir dos conflitos gerados pela Vale em Carajás, e que, desde então, articula comunidades atingidas em todo o país.
“Nós não somos contra a mineração, nós lutamos por soberania, pelo direito do povo discutir e refletir os impactos que esse modelo causa nos territórios”, afirmou Ana Sabrina.
Ceará no centro do debate
O encontro em Fortaleza simboliza a resistência contra a expansão da mineração no Nordeste, região que, segundo o movimento, já é o terceiro foco de interesse das mineradoras no Brasil. O Ceará, em especial, aparece como o estado com maior número de pesquisas minerais em andamento, com mais de 4 mil hectares em disputa.
Para os organizadores, trazer o encontro para a capital cearense é um ato político: um alerta para os riscos do avanço da exploração em áreas de escassez hídrica, como Santa Quitéria, onde há projetos de extração de urânio que demandariam volumes imensos de água.
Modelo predatório e impactos sociais
Ao longo da entrevista, Ana Sabrina detalhou as denúncias feitas pelo movimento. Entre os problemas apontados estão a superexploração dos trabalhadores, que recebem em média dois salários mínimos e trabalham em condições precárias, sem direitos trabalhistas garantidos, além da falta de proteção contra doenças e contaminações ligadas à atividade mineradora.
“É impossível falar em mineração sustentável quando o modelo atual consome tanta água e adoece os trabalhadores e comunidades”, afirmou.
As comunidades relatam casos de doenças pulmonares, câncer e contaminação da produção agrícola em regiões próximas às minas. Além da saúde, o MAM critica o que chama de “discurso ilusório” de desenvolvimento. Para os militantes, a mineração desestrutura a vida comunitária e deixa como legado crateras e devastação ambiental.
Controle popular sobre o subsolo
O tema central do encontro será “Lutar pelo território e controlar o subsolo”. A programação prevê análise de conjuntura internacional e nacional, debates sobre democratização da renda mineral, defesa de territórios livres de mineração e apresentação de experiências de luta em diversas regiões do país.
O evento também contará com a participação de professores, pesquisadores, lideranças comunitárias e representantes de povos originários, reunindo militantes de 15 a 16 estados. Uma das novidades será a realização da primeira Feira da Agrobiodiversidade e da Feira Cultural do MAM, abertas ao público em geral.
“A mineração tem que estar a serviço e controlada pelo povo”, resumiu Ana Sabrina, reforçando a defesa de um novo modelo que respeite a vida, os territórios e a soberania popular.
📅 De segunda à sexta
🕙 Das 7h30 às 8h
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