Atitude Popular

Ato Antifascista nas Ruas: Um Grito Contra a PEC da Bandidagem e a Impunidade

Da Redação

Milhares de pessoas se mobilizam em todo o Brasil para defender a democracia e barrar a tentativa de anistia aos golpistas de 8 de janeiro, em um dos maiores atos populares do ano.

O Brasil amanhece neste 21 de setembro marcado por protestos massivos contra o avanço da chamada PEC da Bandidagem — proposta que, segundo críticos, tenta blindar parlamentares de investigações e abrir caminho para a anistia dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.

Movimentos sociais, sindicatos, organizações culturais, estudantes, artistas e partidos progressistas convocaram o que promete ser um dos atos mais expressivos desde a redemocratização. A mobilização é também uma resposta ao clima de instabilidade política alimentado pelo bolsonarismo, que insiste em atacar o Supremo Tribunal Federal e o Estado Democrático de Direito.


Quem está nas ruas

A CUT, a Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo, centrais estudantis e organizações populares confirmaram presença em mais de 20 capitais. Brasília se torna palco central, com ato em frente ao Museu Nacional a partir das 10h. Em São Paulo, a Avenida Paulista volta a ser ocupada, enquanto no Rio de Janeiro artistas como Chico César, Caetano Veloso e Fernanda Takai dão tom cultural à resistência.

A presença de artistas, intelectuais e lideranças de movimentos sociais é uma tentativa de ampliar o alcance da mensagem: não se trata apenas de política partidária, mas de um embate pela sobrevivência da própria democracia brasileira.


O que está em jogo

  1. Blindagem institucional
    A proposta da PEC retira do Judiciário e do Ministério Público a autonomia de investigar parlamentares, condicionando qualquer ação à autorização do Congresso. Na prática, isso criaria uma casta política imune à responsabilização.
  2. Anistia aos golpistas
    A pauta caminha ao lado da tentativa de conceder anistia a golpistas, incluindo Jair Bolsonaro e generais envolvidos na conspiração. O STF já havia decidido que crimes contra o Estado de Direito não são passíveis de perdão, o que transforma a iniciativa em um gesto político de afronta à Constituição.
  3. Crise de representatividade
    A votação que autorizou urgência ao projeto de anistia contou com 311 votos favoráveis, reeditando a tese de Lula de que o Congresso abriga centenas de “picaretas”. A desmoralização da Casa Legislativa diante da opinião pública cresce, fortalecendo a percepção de que a política institucional está sequestrada por interesses corporativos e de autoproteção.

Dimensão simbólica

O ato de hoje carrega forte simbolismo histórico. Ao mesmo tempo em que a extrema-direita tenta reabilitar os responsáveis pelo maior ataque à democracia desde 1964, a sociedade civil mostra que não esquecerá nem perdoará. A presença de artistas, músicas de resistência e palavras de ordem resgatam memórias das Diretas Já e dos protestos contra o golpe de 2016.

Para os organizadores, esta é uma batalha pela alma do Brasil: a luta contra a naturalização do autoritarismo, da violência política e da desinformação que ainda ecoam nas redes sociais e no discurso de setores da elite.


Riscos e desafios

Especialistas em segurança alertam para a possibilidade de confrontos pontuais com grupos extremistas que defendem a PEC e a anistia. Há também o risco de repressão policial em alguns estados governados por forças alinhadas ao bolsonarismo. Ainda assim, os organizadores afirmam que os protestos serão pacíficos e democráticos, enfatizando a defesa da Constituição e da soberania popular.


Conclusão

O ato antifascista de 21 de setembro de 2025 será lembrado como um marco de resistência popular contra a tentativa de impor a impunidade aos que atentaram contra a democracia. Mais do que um protesto, é um aviso claro: não haverá anistia para golpistas.

A história dirá se o grito das ruas será suficiente para frear as manobras da elite política no Congresso. Mas uma coisa já está certa: o Brasil não assiste calado à volta das sombras autoritárias.