Da Redação
Pesquisa revela que a aprovação de Luiz Inácio Lula da Silva se estabiliza em patamar crítico: apoio sólido em alguns segmentos, mas ampla parcela permanece dividida entre insatisfação e incerteza.
A mais recente pesquisa nacional de avaliação do governo Lula mostra que 32% dos brasileiros consideram a gestão “ótima” ou “boa”. Outros 30% classificam o governo como “regular”, enquanto 37% o avaliam como “ruim” ou “péssimo”. Os dados foram coletados em mais de uma centena de municípios brasileiros, em diferentes regiões, retratando um país politicamente tensionado e ainda longe de formar uma percepção majoritária estável.
O resultado representa uma leve recuperação da imagem presidencial em relação ao início de 2025, quando o índice de ótimo/bom havia caído para o patamar de 24% — o menor desde o início deste mandato. A evolução indica que parte da população voltou a ver melhorias ou sinais de estabilidade na condução do governo, embora essa percepção ainda esteja distante de traduzir apoio robusto.
A faixa dos 30% que avalia o desempenho como “regular” permanece como a área mais sensível da pesquisa. É um grupo que não rejeita o governo, mas também não o aprova com convicção. Essa zona ambígua costuma ser decisiva para determinar rumos de opinião pública, especialmente em contextos de crise econômica ou tensão institucional.
Onde Lula mostra mais força
A pesquisa também revela que Lula mantém índices mais sólidos de aprovação entre:
- eleitores do Nordeste;
- cidadãos de menor escolaridade;
- pessoas com renda mais baixa;
- idosos;
- católicos.
Esses segmentos compõem parte significativa de suas bases históricas, indicando que, apesar de oscilações, a sustentação social do presidente não se desfez.
Os desafios mais apontados pelo eleitorado
Nos relatos coletados durante a pesquisa, os temas mais citados como motivo de insatisfação foram:
- custo de vida alto;
- dificuldades no mercado de trabalho;
- percepção de insegurança pública;
- lentidão na entrega de resultados concretos.
A avaliação de que “o governo tenta, mas não consegue avançar no ritmo necessário” aparece com frequência entre aqueles que classificam a gestão como regular.
Um país dividido
O dado mais marcante não é a aprovação, mas a divisão. A soma de ótimo/bom e regular coloca pouco mais da metade da população numa zona não hostil ao governo. Por outro lado, a rejeição permanece alta. Isso cria um cenário volátil, no qual qualquer crise econômica, política ou institucional pode deslocar opiniões para cima ou para baixo com rapidez.
Impacto para 2026
Com as eleições presidenciais a menos de um ano, o cenário é incerto. Lula não aparece fragilizado a ponto de inviabilizar alianças ou movimentos estratégicos, mas tampouco conta com aprovação que lhe garanta tranquilidade. Para analistas, o governo está num ponto intermediário: depende de entregas concretas para ampliar apoio e, ao mesmo tempo, precisa evitar desgastes que possam alimentar narrativas oposicionistas.
A pesquisa sugere que o país não está disposto a abraçar nenhum projeto político de forma entusiasmada. Há cansaço, frustração acumulada e uma expectativa crescente de soluções práticas e imediatas — algo que pesa diretamente sobre a avaliação de qualquer governo.


