Atitude Popular

Governo decreta GLO para reforçar segurança da COP30 no Pará

Da Redação

Com o foco na realização da COP30 em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que mobilizará as Forças Armadas em portos, aeroportos e hidrelétricas, sinalizando a elevação da segurança como elemento-chave da agenda climática nacional.

O governo federal anunciou a adoção de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reforçar a segurança da COP30, que será realizada em Belém, no estado do Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025. O decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva autoriza o emprego das Forças Armadas para atuar em portos, aeroportos, hidrelétricas e outras áreas consideradas de infraestrutura crítica durante o evento.

A medida, classificada como de caráter preventivo e excepcional, visa assegurar a tranquilidade de chefes de Estado, diplomatas, delegações internacionais e milhares de participantes esperados para a conferência do clima das Nações Unidas. A GLO no Pará envolverá tropas do Exército, Marinha e Aeronáutica, além da integração com as forças de segurança estaduais e municipais, sob comando conjunto e supervisão direta do Ministério da Defesa.

O plano de segurança prevê a atuação dos militares em três frentes principais: a proteção de infraestruturas estratégicas (como as usinas de Belo Monte e Tucuruí), o monitoramento de áreas de grande circulação, e a segurança de vias logísticas e rotas oficiais utilizadas pelas delegações. Segundo fontes ligadas ao governo estadual, o planejamento começou ainda no primeiro semestre e envolve cerca de nove mil agentes entre militares e forças de segurança locais.

Essa será a primeira vez que uma conferência do clima da ONU ocorre na Amazônia, o que adiciona complexidade e simbolismo à operação. A COP30 é vista pelo governo como uma oportunidade de consolidar a liderança diplomática do Brasil na agenda ambiental global e de projetar a Amazônia como centro da transição ecológica e do desenvolvimento sustentável.

A presença das Forças Armadas no contexto amazônico, porém, suscita debates sobre os limites entre segurança e militarização. Setores da sociedade civil alertam que a GLO, embora prevista constitucionalmente, deve ser conduzida com estrita observância dos direitos humanos e respeito às populações tradicionais. O governo federal, por sua vez, reforça que o objetivo da medida é puramente logístico e de garantia da ordem pública, e não de controle social.

A decisão também tem dimensão política e estratégica. Nos bastidores, o decreto é interpretado como sinal de que o governo busca garantir o êxito da conferência e evitar qualquer incidente que possa comprometer a imagem internacional do Brasil. Desde a escolha de Belém como sede, a logística da COP30 vem sendo tratada como questão de Estado, envolvendo planejamento integrado entre ministérios, governos locais, Forças Armadas e organismos internacionais.

Além do aspecto físico da segurança, há também a camada tecnológica e informacional — fundamental em eventos dessa magnitude. O governo brasileiro tem investido em protocolos de cibersegurança, monitoramento de tráfego de dados e sistemas de controle de acesso digital. A COP30 exigirá o funcionamento coordenado de plataformas de credenciamento, sistemas de vigilância eletrônica e redes de informação de alta sensibilidade. Nesse ponto, a operação GLO se insere também no campo da soberania informacional: proteger os espaços físicos e digitais do evento é proteger a integridade da própria diplomacia brasileira.

Politicamente, a decisão de Lula consolida uma tendência de postura assertiva diante de eventos internacionais. O presidente tem repetido que a COP30 será um marco da “nova governança ambiental global” e que o Brasil pretende mostrar, na prática, que desenvolvimento e preservação não são incompatíveis. Garantir segurança total em Belém — uma cidade complexa, com infraestrutura urbana limitada e acesso fluvial intenso — tornou-se, portanto, prioridade estratégica.

Especialistas avaliam que a operação também servirá como teste para a capacidade de coordenação interinstitucional do Estado brasileiro. A presença militar em um evento civil e global dessa magnitude exigirá transparência, limites claros de atuação e um delicado equilíbrio entre soberania e hospitalidade.

Em síntese, a GLO decretada para a COP30 não é apenas um dispositivo de segurança: é um símbolo do esforço do governo brasileiro para projetar ao mundo a imagem de um país estável, preparado e soberano. Se bem-sucedida, a operação reforçará a confiança internacional no Brasil e consolidará o país como potência diplomática ambiental. Se falhar, porém, poderá expor vulnerabilidades logísticas e políticas em uma vitrine global.

A COP30 será o maior evento da história da Amazônia — e o decreto de Lula deixa claro que o Brasil pretende garanti-lo sob todos os aspectos: territorial, ambiental, informacional e simbólico.

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