Da Redação
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a pressão dos Estados Unidos sobre o Brasil, incluindo o impacto do “tarifaço”, reflete interesses estratégicos nas reservas brasileiras de minerais críticos. O alerta reacende o debate sobre soberania, geopolitica da transição energética e necessidade urgente de um marco regulatório nacional.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou em entrevista que a ingerência dos Estados Unidos na política brasileira, perceptível inclusive no “tarifaço” — pacote de sobretaxas aplicadas sobre exportações brasileiras — estaria diretamente ligada à disputa por terras raras e minerais estratégicos do Brasil.
De acordo com Haddad, esses recursos, essenciais para setores tecnológicos e de energia limpa — como veículos elétricos, semicondutores e turbinas eólicas — conferem ao Brasil uma posição geopolítica singular. Ele destacou que os EUA possuem menos de 10% dessas reservas em relação ao Brasil, o que torna o país um alvo estratégico. Em comparação, a China domina mundialmente a produção, mas retém suas reservas para uso interno.
O ministro ainda mencionou episódios recentes, como a tentativa de compra da Groenlândia e declarações polêmicas de bilionários como Elon Musk — que, segundo ele, chegou a sugerir uma intervenção na Bolívia para garantir acesso ao lítio — como indícios de uma lógica de uso extraterritorial de poder para garantir acesso a matérias-primas vitais.
Diante desse cenário, Haddad reforçou a necessidade de criar, o quanto antes, um marco regulatório para terras raras, que permita ao Brasil não apenas explorar seus recursos de forma sustentável, mas também agregar valor internamente, gerar empregos e assegurar soberania tecnológica. Ele afirmou que esse marco está sob avaliação junto ao Ministério de Minas e Energia, com apoio da Fazenda.
Em resumo, o ministério entende que o Brasil deve agir com firmeza diplomática, defendendo sua autonomia e transformando sua riqueza mineral em instrumento de desenvolvimento para toda a sociedade — não deixá-la sujeita a chantagens econômicas ou estratégicas.