Da Redação
A eleição presidencial de 2026 ainda está a quase um ano de distância, mas o cenário político brasileiro já se desenha com clareza: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após três mandatos marcados por reconstrução econômica, política externa ativa e reindustrialização nacional, entra no tabuleiro eleitoral com chances concretas de vitória no primeiro turno — algo que não acontece desde 2006. Mais do que uma disputa entre projetos de governo, o pleito de 2026 tende a ser um referendo sobre o futuro da soberania nacional. De um lado, um projeto que busca consolidar a autonomia do Brasil em meio a um mundo em reconfiguração multipolar; do outro, as forças neoliberais e neocoloniais que tentam, a qualquer custo, restaurar o modelo de dependência e submissão ao capital estrangeiro.
1. O cenário político e a vantagem estrutural de Lula
As pesquisas mais recentes indicam que Lula mantém alto índice de aprovação, especialmente entre os estratos populares, o Nordeste, as periferias urbanas e o funcionalismo público. Mesmo com críticas pontuais de setores médios, sua imagem de liderança moral, histórica e global permanece sólida.
O campo progressista consolidou conquistas que criaram uma base eleitoral ampla: aumento real do salário mínimo, retomada de programas sociais, crescimento do emprego formal, valorização do SUS, investimento em universidades e obras de infraestrutura que impactam diretamente a vida cotidiana do povo.
Além disso, Lula se mantém como figura central na geopolítica mundial: mediador de crises, voz do Sul Global, defensor da multipolaridade e da soberania dos povos. Esse protagonismo reforça a imagem de estadista e diferencia o Brasil no cenário internacional — e, domesticamente, alimenta o sentimento de orgulho nacional.
A direita e extrema-direita, por outro lado, chegam a 2026 fragmentadas. Jair Bolsonaro está judicialmente fragilizado, Tarcísio de Freitas tenta se projetar sem carisma e sem base popular sólida, e a chamada “terceira via” não conseguiu se firmar. Em outras palavras: o campo conservador carece de uma liderança capaz de enfrentar Lula de igual para igual.
Essa combinação — alta aprovação, liderança incontestável e oposição fragmentada — cria o cenário objetivo de possibilidade real de vitória no primeiro turno.
2. O que a militância precisa fazer: a energia da base como força histórica
Para que essa possibilidade se transforme em vitória concreta, a militância popular será o motor fundamental. O Brasil vive uma disputa que transcende a urna: é uma guerra cultural e informacional travada todos os dias nas redes, nos territórios e nas consciências.
A militância precisa:
- Reconectar o projeto nacional ao cotidiano do povo: falar com clareza sobre o que está em jogo — soberania, emprego, educação, dignidade e futuro.
- Enfrentar a desinformação com organização, criatividade e base técnica. Cada militante deve se tornar um agente de contra-informação, usando linguagem acessível, empatia e dados concretos.
- Voltar às ruas e às periferias: o voto nasce no território, não no algoritmo. É preciso reocupar as praças, sindicatos, escolas, igrejas progressistas, coletivos culturais e feiras populares com uma pedagogia política libertadora.
- Resgatar o sentimento de pertencimento nacional: o povo precisa voltar a se enxergar como parte de um projeto coletivo. Soberania é o nome do amor ao país traduzido em ação política.
Em suma, a militância precisa unir consciência de classe, orgulho nacional e pedagogia popular — os três pilares que sempre sustentaram os grandes momentos da história brasileira.
3. O que o governo deve fazer: crescimento com soberania
O governo tem papel central na consolidação da confiança popular. Para vencer no primeiro turno, Lula precisará mostrar resultados tangíveis até meados de 2026 — especialmente em três eixos estratégicos: economia, soberania e esperança.
a) Economia que chega à mesa
O povo não vota em gráficos, vota em pratos cheios. A agenda de crescimento deve continuar combinando investimento público e crédito popular, com foco em habitação, agricultura familiar, infraestrutura e indústria verde. A inflação controlada e o emprego formal em alta precisam ser mantidos até o período eleitoral.
b) Soberania energética e tecnológica
A Petrobras, a Eletrobras e as políticas de semicondutores e IA devem ser tratadas como instrumentos de independência nacional. A política industrial de reindustrialização e de tecnologia soberana precisa ser comunicada de forma pedagógica: cada refinaria, cada universidade, cada fábrica reativada é símbolo da capacidade do Brasil de decidir seu próprio destino.
c) Soberania informacional
O governo deve enfrentar de frente a guerra híbrida digital. A regulação das plataformas e a defesa da verdade são parte da soberania. O Brasil precisa garantir que as decisões políticas do povo não sejam sequestradas por algoritmos estrangeiros. Isso exige articulação entre Executivo, STF e Congresso progressista — e coragem para enfrentar o lobby das Big Techs.
d) Esperança e narrativa
Nenhum projeto vence apenas pela razão econômica. É preciso tocar o coração do povo. A narrativa do Brasil soberano, digno e solidário precisa ser atualizada — com ênfase na ideia de futuro coletivo. O país que volta a sonhar é o país que vota com convicção.
4. A importância da comunicação e da cultura política
Nenhuma eleição moderna se vence sem disputar a mente e a emoção das massas. A extrema-direita continuará operando com fake news, discurso moralista e narrativas de medo. Para neutralizá-las, é necessário construir um sistema nacional de comunicação progressista, articulando mídia independente, rádios comunitárias, redes sociais e influenciadores populares.
Mais do que combater mentiras, é preciso oferecer sentido: a ideia de que soberania, desenvolvimento e justiça social são valores do povo brasileiro — não de elites. A esquerda deve abandonar o jargão hermético e falar como o povo fala: simples, direto e com alegria.
5. As condições objetivas de vitória
Hoje, os indicadores são favoráveis a Lula:
- Economia crescendo acima da média global.
- Inflação controlada e emprego em expansão.
- Obras federais visíveis em todas as regiões.
- Política externa respeitada internacionalmente.
- Rejeição crescente ao extremismo e à violência política.
Com a direita fragmentada e o bolsonarismo enfraquecido, Lula pode chegar a outubro de 2026 com cerca de 48% a 50% das intenções de voto válidas — patamar que, dependendo do cenário regional e do desempenho das candidaturas ao Congresso, pode garantir vitória já no primeiro turno.
Mas essa margem é frágil: depende da unidade do campo progressista, da mobilização popular e da capacidade de neutralizar a desinformação. Nenhum voto pode ser considerado garantido.
6. Conclusão: o Brasil no limiar da soberania plena
A eleição de 2026 não será apenas mais uma disputa pelo poder — será o momento histórico em que o Brasil decidirá se consolida sua soberania ou retorna à dependência.
Lula representa hoje o símbolo maior do projeto de desenvolvimento autônomo e solidário. Sua possível vitória em primeiro turno não será apenas uma vitória política, mas um ato de afirmação civilizatória: o povo brasileiro dizendo ao mundo que quer decidir seu destino, com justiça social, ciência, tecnologia, trabalho e dignidade.
Para isso, governo e militância precisam caminhar juntos: o governo entregando resultados e esperança; a militância transformando essa esperança em mobilização, voto e consciência.
Se essa aliança se mantiver viva, a vitória no primeiro turno deixará de ser hipótese — e se tornará inevitável.


