Da Redação
A Petrobras reagiu com contundência a uma pesquisa divulgada recentemente, encomendada pela ONG inglesa Eko e publicada pela imprensa brasileira. O estudo sugeria que a maioria da população seria contrária à exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial — área marítima estratégica para o país. A estatal questiona os resultados, alegando desconhecer metodologia, premissas e critérios do levantamento.
O contraditório da estatal
Em nota oficial, a Petrobras afirmou que tomou conhecimento da pesquisa apenas por meio da imprensa e que não teve participação na sua elaboração. Por esse motivo, disse que não está em condições de comentar os resultados. A empresa classificou os números como “estranhos”, pois divergentes de suas pesquisas internas e de outros levantamentos feitos por institutos independentes.
A estatal aponta ainda que muitos entrevistados confundem o conceito da Margem Equatorial com a foz do rio Amazonas, o que pode enviesar respostas. Explicou que os blocos sob discussão ficam distribuídos em faixas marítimas distantes de ecossistemas sensíveis, longe de manguezais e costeiras vulneráveis. No Amapá, por exemplo, um bloco ficaria a cerca de 160 km da costa e mais de 500 km da foz.
Segundo a Petrobras, seus estudos internos indicam que o tema ainda é pouco conhecido entre a população. Mesmo assim, as sondagens apontam que a maioria dos entrevistados confia na empresa e no Ibama para avaliar a viabilidade das operações. Além disso, a estatal sustenta que muitos cidadãos associam a exploração de petróleo à geração de empregos, melhoria de infraestrutura e estímulos ao desenvolvimento regional.
Investimentos e planejamento
Petrobras destacou que possui um plano de investimentos robusto para a Margem Equatorial: seriam alocados cerca de US$ 3,1 bilhões nos próximos anos para perfurar 16 poços na região. A empresa afirma que seu compromisso é conduzir as operações com rigor técnico, segurança ambiental e transparência.
Para reforçar sua tese, a estatal insiste que desenvolvimento e preservação ambiental podem conviver, desde que haja fiscalização competente e controle institucional.
A disputa estratégica da Margem Equatorial
A Margem Equatorial é tratada como uma das últimas fronteiras exploratórias com potencial transformador para a posição energética global do Brasil. No leilão conduzido pelo governo, 19 dos 47 blocos foram adquiridos por empresas multinacionais e pela própria Petrobras, demonstrando o interesse elevado de investidores estrangeiros.
Para o governo federal, essa fronteira representa uma forma de garantir receita futura, sustentar a transição energética e fortalecer a soberania nacional em recursos naturais.
Pressão regulatória e ambiental
O episódio intensifica o debate sobre o papel de ONGs internacionais na formulação de opinião nacional sobre temas estratégicos. A campanha financiada pela ONG britânica é vista por setores nacionais como um instrumento de pressão diplomática e midiática, capaz de influenciar decisões governamentais sobre licenciamento, políticas de energia e prioridades ambientais.
Por outro lado, órgãos ambientais nacionais têm exigido cautela e exigido estudos mais detalhados antes de permitir a exploração. O Ibama, por exemplo, já requisitou esclarecimentos adicionais em processos de licenciamento da Margem Equatorial, apontando que ainda há pendências relacionadas a planos de emergência e proteção da fauna marinha.