Da Redação
O rearmamento comercial de Trump instiga fuga de investidores, enfraquece o dólar e amplia risco global, enquanto potências econômicas buscam alternativas à dependência americana.
A escalada tarifária impulsionada pelo presidente Donald Trump acendeu alarmes globais: investidores internacionais estão começando a reconsiderar a exposição ao mercado dos Estados Unidos, que já representa cerca de 17% do total global em ações. Esse movimento reflete o temor quanto à fragmentação econômica imposta pelos recentes aumentos de tarifas e à politização dos rumos da política monetária e fiscal.
Relatórios indicam que quase metade dos investidores institucionais acreditam que os impactos dessas tarifas ainda não foram plenamente precificados nos mercados. Aproximadamente 80% ajustaram suas estratégias, com realocação de portfólios para ativos defensivos e aumento em reservas de caixa. A preocupação é que a incerteza persistente deságue em inflação estrutural e estagnação econômica prolongada.
O enfraquecimento da moeda americana já se faz sentir: o dólar recuou, enquanto mercados emergentes buscam fortalecer moedas locais e incentivar blocos regionais alternativos. A União Europeia e a Ásia avançam com políticas de integração econômica que desafiam o status monetário dos EUA.
Além disso, a confiança empresarial está abalada por decisões como o sumiço súbito da presidente do Bureau of Labor Statistics (BLS) e a crise no Federal Reserve. Tais eventos alimentaram a percepção de interferência política em dados cruciais, fundamentais para investidores e formuladores de políticas públicas.
As tarifas também alimentaram um momento clássico da sobrecarga protecionista: enquanto impulsionam uma industrialização pontual — e geram receita adicional significativa, estimada entre US$124 bilhões e US$450 bilhões até o primeiro semestre — clientes internacionais reagem com retração, e regras de emergência são contestadas judicialmente. Em um caso emblemático, um tribunal americano suspendeu definitivamente os chamados “tarifões de Libertação”, afirmando que ultrapassam os poderes conferidos ao Executivo.
A combinação traz desordem: o crescimento econômico nos EUA ainda resiste e a bolsa opera em níveis recordes, mas as bases dessa estabilidade são frágeis. Muitos analistas apontam que o modelo Trump — uso da retórica presidencial como alavanca comercial, ameaças políticas e atos unilaterais — deixa efeitos colaterais que podem minar a credibilidade americana no longo prazo.