Da Redação
Após o assassinato do ativista de extrema-direita Charlie Kirk, Donald Trump reagiu culpando a “esquerda radical” e insinuando que movimentos sociais seriam responsáveis por violência política nos EUA. O discurso revela traços fascistas: construção de inimigos internos, defesa armamentista e uso do medo como arma de poder.
A morte de Charlie Kirk, um dos principais influenciadores da direita trumpista, durante evento em Utah, serviu como combustível para que Donald Trump reforçasse sua narrativa contra a esquerda. O presidente dos EUA acusou movimentos sociais e progressistas de estarem por trás da violência, ainda que nenhuma evidência concreta aponte ligação direta entre o crime e organizações de esquerda.
Trump classificou o caso como prova de que a “radical left” seria uma ameaça à democracia americana e prometeu endurecer contra manifestações sociais, sindicatos e organizações progressistas. O discurso se alinha a uma estratégia antiga: culpar opositores políticos de crimes isolados, transformando adversários em inimigos existenciais.
Essa retórica não é novidade. Ela ecoa métodos de regimes autoritários do século XX, sobretudo o nazismo na Alemanha. Lá, Hitler também se utilizou de assassinatos políticos e crises sociais para atribuir culpa a comunistas e judeus, justificando repressão e violência em nome da “ordem nacional”.
Nos EUA de 2025, Trump faz o mesmo ao armar sua base ideológica com medo e ressentimento. Ao atacar “a esquerda radical”, ele não fala apenas de partidos ou políticos, mas atinge movimentos sociais, ativistas de direitos civis, defensores do meio ambiente e da justiça racial — setores historicamente perseguidos quando regimes autoritários se consolidam.
Kirk, lembrado por seus críticos como um fundamentalista religioso, racista e defensor de políticas armamentistas, havia construído uma carreira sustentada em discursos inflamados contra minorias, LGBTQ+, imigrantes e progressistas. Trump agora transforma sua morte em bandeira política, não para pacificar, mas para incitar ainda mais a radicalização.
Especialistas em democracia alertam que esse tipo de narrativa é perigoso por três motivos principais:
- Normaliza a violência política — quando líderes acusam sem provas, abrem espaço para ataques reais contra militantes, jornalistas e opositores.
- Constrói inimigos internos — cria-se uma atmosfera de perseguição contra setores inteiros da sociedade, vistos como “traidores”.
- Justifica medidas autoritárias — censura, repressão policial, vigilância e restrição de liberdades passam a ser apresentadas como “defesa da democracia”.
O assassinato de Kirk deveria abrir espaço para reflexão sobre o impacto da radicalização, do armamentismo e do discurso de ódio. Mas, nas mãos de Trump, tornou-se combustível para ampliar o clima de medo e hostilidade.
4 – Conclusão
O mundo assiste, mais uma vez, ao teatro perigoso da construção de inimigos internos. Trump age como um líder fascista: usa a tragédia para reforçar sua agenda autoritária, dividir o país e transformar o medo em instrumento de poder. A história já mostrou onde isso pode levar — da Alemanha nazista às ditaduras latino-americanas.
Cabe aos EUA — e à comunidade internacional — reconhecer o risco e resistir. Porque quando um presidente acusa sem provas, ameaça movimentos sociais e defende mais armas como resposta à violência, a democracia está sendo corroída por dentro.