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Planalto vê recado político em reunião adiada de Haddad com secretário americano sobre tarifaço

Da Redação

Cancelamento de reunião virtual entre o ministro Haddad e o secretário do Tesouro dos EUA é visto como sinal do endurecimento da postura da Casa Branca diante do tarifaço. Governo federal prepara plano emergencial para enfrentar sobretaxa de 50%.

O Palácio do Planalto interpretou o cancelamento da reunião virtual entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent — inicialmente prevista para esta quarta-feira — como um recado político direto. A avaliação interna é de que Washington busca condicionar qualquer reabertura de diálogo à vinculação de temas ligados ao processo em curso no Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro — proposta que o governo brasileiro rejeita veementemente.

Diante desse impasse, o governo acelerou a estruturação de um plano de contingência para mitigar os impactos da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA. As medidas em avaliação incluem concessão de linhas de crédito com juros reduzidos, reforma estrutural do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) e ações emergenciais de compras públicas, especialmente de alimentos perecíveis, para preservar empregos e evitar falências.

O cancelamento da reunião, de acordo com Haddad, foi motivado por pressões de figuras alinhadas à extrema direita estadunidense, que agiram junto a assessores da Casa Branca para inviabilizar o encontro. O ministro classificou a situação como “inusitada” e lamentou que a questão comercial não esteja sendo priorizada nos canais formais de negociação.

Fontes governamentais consideram que essa seja, no momento, a última oportunidade de diálogo com Washington para tentar reverter ou suavizar a sobretaxa. Com as negociações emperradas, o governo também vem articulando diversificação de parceiros comerciais, com foco especial em mercados do Sudeste Asiático e na finalização do acordo Mercosul-União Europeia.

Analistas acreditam que, ainda que um eventual diálogo não gere resultados imediatos, ele poderia servir como porta de entrada para retomada de tratativas diplomáticas mais amplas. No entanto, a decisão de cancelamento, em meio ao atual momento político e econômico, é vista como um endurecimento de posição por parte da administração Trump, dificultando eventuais avanços negociais.