Da Redação
Ministro-presidente do STF afirma que processo contra Bolsonaro foi transparente, encerrou ciclos de retrocesso e não teve perseguição.
O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o julgamento condenatório contra Jair Bolsonaro e seus aliados marca um “divisor de águas na história do Brasil”. Em discurso ao encerrar a sessão da Primeira Turma do STF nesta quinta-feira, 11 de setembro de 2025, Barroso negou que tenha havido perseguição política no processo.
Para Barroso, o julgamento foi conduzido com transparência, observando o devido processo legal, e baseado em provas diversificadas, incluindo vídeos, mensagens, documentos e confissões. Ele ressaltou que o procedimento foi público e que os réus tiveram amplo direito de defesa — argumentos centrais para rebater versões que alegam viés político ou motivação persecutória.
O ministro afirmou que o Brasil está encerrando “ciclos do atraso” marcados pelo golpismo e pela quebra da legalidade constitucional. De acordo com ele, embora nem todos compreendam hoje a dimensão do julgamento, “algumas incompreensões de hoje vão se transformar em reconhecimento no futuro”. Ele também disse que ninguém sai contente de uma decisão judicial dessa magnitude, mas que era necessário que o tribunal cumprisse sua missão institucional com coragem e serenidade.
Barroso fez aceno a quem diverge, citando que o pensamento contrário ao ver o julgamento como instrumento de perseguição só pode partir do desconhecimento profundo dos fatos ou de motivações alheias à realidade dos autos. Ele lembrou que divergências e visões políticas distintas fazem parte do convívio democrático, mas insistiu que o respeito às regras do jogo, às instituições e aos resultados eleitorais é imprescindível para a democracia.
O discurso também incluiu menção de que este julgamento sinaliza a necessidade de reconstruir relações políticas no país e buscar uma agenda comum baseada no patriotismo, no respeito mútuo e na civilidade — afastando radicalismos, intolerância, extremismo e incivilidade como marcas de rupturas institucionais, segundo Barroso.
Em resumo, o ministro vê o julgamento não apenas como conclusão de uma fase processual, mas como marco simbólico de reafirmação institucional: demonstrou que o STF tem capacidade de julgar altas figuras políticas com autonomia, responder a ameaças ao Estado Democrático de Direito e reforçar a legitimidade das instituições mesmo em meio à polarização.