Atitude Popular

“Empresas não devem treinar partidos políticos”

No programa Democracia no Ar, Reynaldo Aragon e Sara Goes discutem a disputa entre Big Techs e movimentos populares pelo controle da comunicação política no Brasil

No programa Democracia no Ar desta quarta-feira (18), transmitido pela Rádio e TV Atitude Popular, a jornalista Sara Goes recebeu o pesquisador Reynaldo Aragon para uma conversa que partiu da recente provocação feita por Luis Nassif à “tribo do software livre” e se expandiu em uma análise abrangente sobre soberania informacional, guerra híbrida, exploração energética e as estratégias da extrema direita rumo a 2026. O programa é uma parceria do movimento Democracia Participativa com entidades como AFBNB, Mova-se, SindJus e Adufci, e tem apoio técnico de Jonathan Neto e direção de Souza Júnior.

Reynaldo Aragon comentou o impacto do artigo escrito por Sara Goes sobre o evento do PL com Big Techs em Fortaleza, afirmando que o texto “foi um divisor de águas”, gerando mobilização de setores sociais, sindicais e institucionais. “Parece que a água bateu na bunda do governo e da base”, disse ele, destacando o perigo da “oficialização da aliança entre plataformas digitais e partidos da extrema direita”.

O centro da discussão foi o chamado feito por Nassif aos defensores do software livre para reagirem ao avanço do que Aragon chamou de “engrenagem da desinformação”. Em resposta, ele, Iraporan e outros articuladores estão organizando para os dias 7 e 8 de julho, em Brasília, um encontro com oficinas, audiências e atividades públicas voltadas à construção de uma frente nacional de soberania informacional.

Durante o debate, Sara provocou: “recusar o apoio técnico das plataformas seria uma decisão moral ou uma má estratégia?”. Aragon respondeu com firmeza: “usar ferramentas, sim. Deixar que treinem nossos quadros, jamais. O Partido dos Trabalhadores pode agradecer e recusar com elegância, deixando claro que empresas não devem treinar partidos políticos. Isso é antiético”.

O pesquisador também traçou paralelos entre a entrega dos blocos da margem equatorial a empresas estrangeiras e a lógica dos data centers controlados por Big Techs. Para ele, “dados são o novo petróleo, e essas empresas são as petroleiras dos nossos dados”. Aragon denunciou que o Brasil está abrindo mão de soberania energética e informacional simultaneamente, deixando nas mãos de corporações o controle de recursos estratégicos.

Sobre a CPI do INSS, Sara destacou que o governo agiu com transparência ao anunciar as irregularidades, mas ainda assim enfrenta uma guerra simbólica. “A história de que Lula roubou os velhinhos está sendo construída mesmo com a devolução do dinheiro”, lembrou ela. Aragon completou: “essa CPI vai ter o mesmo destino da do MST e da do 8 de janeiro: vai ser usada como tempo de tela e depois jogada no balaio da desinformação para 2026”.

Outro ponto abordado foi o lobby israelense no Brasil. Prefeitos brasileiros estiveram em Israel durante a recente ofensiva contra Tel Aviv. Para Aragon, essas viagens não são apenas sobre segurança, mas parte de uma “aliança cultural e ideológica” entre setores sionistas e a extrema direita brasileira. “Israel é hoje o grande hub global da vigilância armada. Eles vendem tecnologia e simbologia”, afirmou.

A conversa foi encerrada com um alerta. “Fazer oposição ao governo Lula neste momento é se alinhar com o fascismo. Crítica construtiva, sim. Desestabilização, não”, disse Aragon, defendendo a construção coletiva de uma frente comunicacional que una academia, movimentos populares e militância digital. Para ele, o desafio não é reeleger Lula, mas defender o Brasil de um projeto autoritário.

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