Da Redação
A criação de distrito para a ilha de Santa Rosa pelo Peru provocou críticas severas da Colômbia, que teme perder acesso ao Amazonas. A tensão escalou com o envio de militares para a região pela Colômbia e pelo Peru.
A tensão na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia se agravou com o envio de tropas aos arredores da ilha de Santa Rosa — pequena formação territorial no rio Amazonas que se tornou foco de disputa entre os vizinhos.
A crise se intensificou após o Peru aprovar a criação do distrito de Santa Rosa de Loreto, incluindo formalmente a ilha em seu território. A medida desencadeou forte reação do presidente colombiano, Gustavo Petro, que rejeitou toda e qualquer apropriação unilateral, alegando que a ilha não foi objeto de definição bilateral prevista em tratados históricos.
Petro afirmou que aquela anexação afetaria diretamente a cidade colombiana de Leticia, seu principal acesso ao rio Amazonas, e propôs retomar negociações por meio da Comissão Mista de Fronteiras, prevista para ocorrer em setembro.
Do lado peruano, o governo reforçou sua presença no local. Autoridades e militares percorreram a região, hastearam bandeiras e prometeram investimentos em infraestrutura para a população local — cerca de 3 mil moradores, que enfrentam dificuldades de acesso a água, saúde e educação.
Mais grave ainda é o pano de fundo geográfico: estudos ambientais apontam que, em função de processos naturais de sedimentação, Leticia corre o risco de perder sua conexão com o rio Amazonas até 2030. Isso eleva o valor estratégico da ilha para ambos os países, tornando o controle territorial uma questão de soberania e sobrevivência.
Analistas alertam que, apesar do apelo retórico por diálogo, a militarização já em curso pode dificultar um avanço diplomático. Enquanto isso, autoridades de ambos os lados afirmam que buscam evitar conflito — embora a presença de tropas e sobrevoos não autorizados mostre o contrário.